No mês de prevenção ao suicídio, equipes multidisciplinares atuam no ambiente hospitalar ou no acompanhamento de quem teme a doença
Atualmente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 18 milhões de brasileiros sofrem com transtornos de ansiedade, o que deixa o país como o mais ansioso do mundo. O Brasil também é o quinto país com maior número de casos de depressão, um total de 12 milhões de pessoas.
O surgimento do novo Coronavírus intensifica esse cenário, já que os níveis de estresse e preocupação aumentaram consideravelmente desde o início da pandemia. Agora, no mês de prevenção ao suicídio, especialistas estendem a preocupação para os pacientes que estão com COVID-19 e os profissionais que estão na linha de frente.
Com períodos de internamento mais longos e uma realidade de visitas restritas, a COVID-19 reforçou a necessidade de cuidados hospitalares que vão além do tratamento do corpo. A saúde mental é olhada com atenção pela psicologia para garantir maior conforto emocional e melhorar a interação entre pacientes, equipes assistenciais e familiares.
Além do trabalho desenvolvido rotineiramente, que engloba a avaliação do estado emocional e da qualidade do sono do paciente, no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), os psicólogos que integram a equipe multidisciplinar de atendimento desenvolveram mudanças significativas na comunicação durante a pandemia. Com a necessária restrição de acompanhantes e visitas, os psicólogos passaram a planejar reuniões virtuais entre pacientes, amigos e familiares.“Em uma visita virtual chegamos a reunir mais de 10 familiares e amigos ao mesmo tempo, fazendo com que o paciente sinta-se amado e mais confortável. A tecnologia permite que mesmo aquele parente que tem uma rotina intensa de trabalho consiga estar presente de alguma forma e prestar seu apoio”, revela a psicóloga e coordenadora do serviço de psicologia do hospital, Raquel Pusch.
Se anteriormente o contato do paciente ficava restrito ao número de acompanhantes ou visitantes permitido e horários pré-determinados, o uso da tecnologia proporcionou a reunião de grandes grupos em um momento delicado. A psicóloga revela ainda que, antes do contato com o paciente, há um momento de preparo para que o encontro virtual seja o mais adequado e reconfortante possível. “É como uma breve terapia em grupo para trabalhar também os anseios da família e tornar o momento ainda mais acolhedor”, completa.
E, após a pandemia, a comunicação entre pacientes e familiares voltará a ser a mesma? A psicóloga acredita que não: “Creio que essa necessidade de adaptação é um dos maiores legados da pandemia. Visitas pessoais e visitas virtuais não irão se contrapor e, sim, se completar para proporcionar bem-estar emocional tanto para pacientes como para seus entes queridos”.
Nesse período, o trabalho dos psicólogos não se restringe aos pacientes. Regularmente são realizadas dinâmicas entre os profissionais de saúde para orientá-los a lidar com as emoções e desafios impostos na rotina atual.
A busca de apoio psicológico profissional não era hábito comum entre boa parte da população, mas com a pandemia uma herança positiva certamente será a sensibilização das pessoas quanto à importância da saúde mental. Além das avaliações psicológicas no diagnóstico integral de consultas de check up de rotina, também é essencial ficar atento aos sinais de estresse, ansiedade, depressão e outros sintomas de desequilíbrio emocional, fundamentais para as ações de prevenção e melhora da qualidade de vida.
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