ALMG – Crise Climática – Fase 2
Médico da Unimed Araxá alerta sobre uso do cigarro eletrônico e do narguilé
Saúde

Médico da Unimed Araxá alerta sobre uso do cigarro eletrônico e do narguilé

Médico da Unimed Araxá alerta sobre uso do cigarro eletrônico e do narguilé

Leia o artigo do cardiologista Hassan Mohamed El Rehayem sobre o tabagismo

O tabagismo é uma doença caracterizada pela dependência química de nicotina. Há cerca de 1,25 bilhão de tabagistas no mundo todo e estima-se que mais de cinco milhões de fumantes morram de forma prematura todos os anos por causa do consumo de tabaco. Como se sabe, o tabagismo é fator de risco para diversas doenças crônicas cardiovasculares, oncológicas, respiratórias, entre outras.

Grande parte dos fumantes tem o desejo de parar de fumar e, aproximadamente, metade deles tenta parar todo o ano. No entanto, as taxas de abstinência espontânea são baixas (1%). Com o tratamento adequado do tabagismo, esses índices podem se elevar de 25% a 30%.

A cessação do tabagismo diminui a morbidade e a mortalidade em qualquer fase da vida, sendo medida eficaz de prevenção primária e secundária de doenças crônicas, com impacto significativo na saúde pública. É fundamental a abordagem do paciente tabagista pelo médico, adequando seu manejo ao grau de dependência e de motivação do paciente para parar de fumar.

Embora os cigarros industriais sejam a forma mais comum de fumo de tabaco no mundo, ele também pode ser consumido em cigarros de palha, em charutos e cachimbos e no narguilé. Mais recentemente, dispositivos eletrônicos de inalação de nicotina vêm se difundindo entre jovens e já representam um desafio às comunidades médicas.

O uso do narguilé vem aumentando no Brasil e no restante do mundo ocidental. Esse hábito vem se popularizando principalmente entre os jovens nos últimos anos. Diversos estudos têm demonstrado o potencial lesivo do uso do narguilé. Comparado a um cigarro comum, uma sessão de fumo do narguilé resulta na inalação de 2 a 4 vezes mais nicotina, de 7 a 11 vezes mais monóxido de carbono, de 100 vezes mais alcatrão, de 17 vezes mais formaldeído e de 2 a 5 vezes mais hidrocarbonetos poliaromáticos.

Os cigarros eletrônicos, não regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), têm disseminado o seu consumo entre crianças, adolescentes e adultos jovens em várias partes do mundo. O seu uso também aumenta entre fumantes e ex-fumantes, como uma alternativa supostamente menos lesiva à saúde.

Além do receio da comunidade médica de que os cigarros eletrônicos funcionem como uma porta de entrada para outras formas de consumo de nicotina e resultem na “renormalização” do hábito de fumar, já há evidência de que o vapor desse dispositivo também apresenta efeitos agudos nocivos. Os efeitos do consumo de cigarros eletrônicos a longo prazo ainda são desconhecidos.

O tabagismo ativo e passivo é fator de risco para o desenvolvimento de mais de 50 doenças e é responsável por 200 mil mortes por ano no Brasil. Entre as doenças causadas pelo tabagismo, destacam-se: DPOC, asma, doença arterial periférica, doença arterial coronária, acidente vascular cerebral, câncer de cavidade oral, de pâncreas, de bexiga, de pulmão, de trato gastrintestinal, osteoporose, impotência sexual, insuficiência renal e outras.

As consequências do tabagismo durante a gravidez também merecem destaque. O consumo de cigarro pelas gestantes é fator de risco para a ocorrência de abortamento espontâneo, restrição do crescimento intrauterino, insuficiência placentária, prematuridade, baixo peso ao nascer e natimortalidade. Além disso, o tabagismo passivo intrauterino também aumenta o risco de desenvolvimento de asma na infância.

As duas modalidades terapêuticas no combate ao tabagismo que mostraram ser efetivas são compostas pelo suporte motivacional, por meio do aconselhamento, e pela terapia farmacológica. O conhecimento atual sugere que a combinação das duas é mais efetiva do que a adoção de cada medida de modo isolado.

A terapia cognitivo-comportamental é fundamental na abordagem do tabagista em todas as situações clínicas, com ou sem tratamento medicamentoso concomitante. Ela pode ser oferecida tanto individualmente quanto em grupo.

Existem três medicações aprovadas para o uso na cessação do tabagismo: os repositores de nicotina, a bupropiona e a vareniclina. A escolha da medicação deve levar em consideração a preferência do paciente, a disponibilidade da medicação e suas possíveis contraindicações.

O tabagismo é uma doença com alta morbidade e mortalidade. Embora tenha havido uma redução expressiva do consumo de produtos de tabaco em diversas partes do mundo nas últimas décadas, a recente popularização do uso de cigarros eletrônicos e de narguilé entre os jovens vem gerando grande preocupação na comunidade médica científica. As evidências dos malefícios do narguilé são consistentes e robustas.

Quanto aos cigarros eletrônicos, os estudos ainda são escassos e os impactos de seu consumo em longo prazo não são conhecidos, mas já há alguma evidência de risco potencial à saúde, de forma que seu uso deve ser desencorajado.

A cessação de tabagismo é um processo difícil para grande parte dos pacientes, o que resulta em altas taxas de recaída. É fundamental entender os mecanismos implicados na persistência do consumo do cigarro e conhecer o grau de motivação.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito aos que pretendem parar de fumar, inclusive com uso de medicamentos ministrados em forma de adesivos, gomas de mascar com nicotinas e medicações via oral.

Unimed Outubro Rosa 2024
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