Subsecretária de Informações e Tecnologias Educacionais da SEE, Mara Rodrigues, fala sobre as vantagens e desafios na implantação desta inovação tecnológica lançada em março pelo Governo de Minas Gerais.
Uma ferramenta criada para melhorar os processos educacionais, otimizar o trabalho dos profissionais que atuam nas escolas estaduais, monitorar a frequência dos estudantes e garantir maior segurança dos dados escolares, dentre outros pontos. Em funcionamento na rede estadual desde março de 2017, o Diário Escolar Digital (DED) é mais um passo que a Educação em Minas Gerais dá no sentido de modernizar as escolas e disponibilizar tecnologias que facilitem o dia a dia do professor, ao mesmo tempo em que permite uma gestão mais qualificada das informações dos estudantes, escolas, professores, entre outras.
Atualmente, 87.358 professores da rede estadual e 6.972 especialistas já estão cadastrados no DED. Do total de professores, 71.579 utilizam efetivamente o Diário, o que representa 81,79% dos professores cadastrados.
Nesta entrevista, a Subsecretária de Informações e Tecnologias Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Mara Rodrigues, faz um histórico da implantação do Diário Escolar Digital e fala das vantagens desta ferramenta e dos principais desafios desse processo.
Como ocorreu a implantação do Diário Escolar Digital?
Mara Rodrigues: Algumas escolas já adotavam um diário eletrônico, pois havia uma portaria que permitia a cada instituição fazer seu próprio contrato. Diante desta situação, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) decidiu desenvolver um Diário Escolar Digital (DED) para interligar ao Sistema Mineiro de Administração Escolar (Simade).
Em dezembro de 2016, após diversas reuniões com professores, diretores e outros atores da comunidade escolar, elaboramos um protótipo e o disponibilizamos para a rede estadual, permitindo que todos conhecessem o projeto, contribuíssem com críticas e sugestões e nos ajudassem a construir o DED.
Até o início de janeiro, mantivemos o protótipo disponível, recolhemos as sugestões e analisamos o que era viável e possível fazer neste primeiro momento do projeto. Ressaltamos que o Diário Escolar Digital está em construção e as primeiras funcionalidades ficaram prontas no início de fevereiro e foram disponibilizadas no mês de março.
Promovemos, desde o ano passado, vários encontros nas SREs para explicar sobre a lógica e funcionamento do DED, além de convidar todos os envolvidos das escolas a nos ajudar na construção desse instrumento.
Em março e abril de 2017, retomamos as conversas e já nos reunimos com diretores de escolas de 19 regionais. Participaram a equipe pedagógica da regional, a equipe Sedine, os diretores de escolas, ATBs, especialistas, secretários escolares, inspetores. A ideia é que eles conseguissem entender qual o diálogo do DED com o Simade e o que a SEE vai fazer com os dados informados e organizados no sistema.
Por que a SEE está implantando este instrumento?
Mara Rodrigues: A Secretaria de Educação possuía alguns sistemas funcionando, às vezes, de maneira isolada. Nesse sentido, foi solicitado à Subsecretaria de Informações e Tecnologias Educacionais que formasse um sistema de gestão para que todos os demais trabalhassem em sintonia e de forma integrada. Com isso, o Simade deixou de ser apenas um banco de dados da informação e transformou-se no sistema de gestão da SEE, interligando a designação online, que é de onde retiramos informações sobre o número de turmas; o plano de atendimento para as escolas, que é um planejamento realizado no ano anterior com o objetivo de fazer um apontamento do ‘desenho’ da rede estadual para o ano seguinte, e, também, o Diário Escolar Digital.
Então, o DED vem, primeiro, com a proposta de realizarmos um monitoramento da frequência e garantir o direito à permanência do estudante nas escolas, que, atualmente, é um dos grandes desafios da Educação.
O segundo objetivo é facilitar o trabalho do professor. Se um educador, por exemplo, tem uma aula por semana, possivelmente, ele preencherá entre 15 e 20 diários. Então, a ideia é que esse profissional possa fazer apenas um preenchimento e ter acesso a esta ferramenta em diversos lugares. Além disso, com o DED buscamos eliminar o retrabalho, pois todos os dados são migrados diretamente para o Simade.
Quais as vantagens do Diário Escolar Digital?
Mara Rodrigues: Constituindo-se como uma ferramenta de gestão da SEE, o Diário otimizará o trabalho do professor, contribuirá para a melhoria da qualidade da educação e minimizará a evasão escolar, pois vai monitorar a frequência dos estudantes, que é fundamental para qualquer processo educativo.
A preocupação com o monitoramento da frequência é fundamental, pois a escola é a primeira porta de entrada e de proteção à infância e à adolescência. No momento em que a criança não está na escola, a família tem que ser informada e, caso não retorne, deverá ser comunicado ao conselho tutelar da cidade. A partir disso, toda uma rede de proteção para a criança é acionada. Então, o monitoramento e a informação da infrequência são mecanismos utilizados para ativar essa rede quando o estudante não está frequentando a escola.
Outra vantagem refere-se à segurança dos dados. Por meio do DED, reuniremos no sistema de gestão oficial da SEE todas as informações dos educandos, escolas, professores, entre outras, da rede estadual de educação, que possui mais de 2 milhões de estudantes. É um banco de dados grande e que necessita de uma segurança no tráfego de informações tanto no Diário quanto no Simade.
O que o professor encontra no DED?
Mara Rodrigues: Em princípio, temos espaços dedicados ao lançamento da frequência dos estudantes; às aulas que foram dadas, ao conteúdo trabalhado em sala de aula e, também, ao processo avaliativo e pedagógico. No entanto, o projeto, quando concluído, permitirá outras funcionalidades, como a integração da escola com a família, a comunicação entre secretaria escolar, diretoria e educadores de forma rápida, por meio da parte ‘lembretes’ existente no DED.
O Diário também irá facilitar o trabalho dos especialistas escolares. Se antes, para olhar a frequência dos estudantes de uma determinada turma precisavam verificar o diário de cada professor que atua com determinada classe, hoje, ao abrir o diário escolar digital, os especialistas encontrarão os dados da turma e seus professores e conseguirão analisar se o estudante está ou não frequente e em quais disciplinas.
Quais os desafios enfrentados na implantação do DED?
Mara Rodrigues: O desafio é desenvolver um instrumento que sirva e consiga dialogar com a diversidade que é a rede estadual de Minas Gerais. Uma ferramenta que funcione e seja boa tanto para uma escola do Sul de Minas quanto para uma do extremo Norte, do Triângulo ou da região Leste do estado.
Muitas vezes o problema não é no DED ou na escola, mas na conectividade local. A geografia do nosso estado, com suas serras e morros, traz grandes dificuldades e desafios no que diz respeito à condição de conectividade. Há locais que o Diário Escolar Digital pode estar, realmente, demorando a processar, mas é porque dependemos da conectividade local.
A equipe da SEE, especificamente, a DTAE, está monitorando essa questão da conectividade e algumas diretorias da SI estão trabalhando para melhorá-la nas escolas. Porém, alguns desafios ultrapassam a SEE, pois há lugares que, por mais que queiramos, apenas uma antena satelital pode solucionar a questão e isso vem sendo pensado e planejado juntamente com a Prodemge.
Em relação à conectividade dentro das escolas, o monitoramento da SEE aponta que 3.656 instituições possuem internet ativa. Nós repassamos recursos para que as próprias escolas possam contratar as empresas locais e todas estão com termos ativos para fazer o pagamento. Agora, há outros detalhes pontuais que, às vezes, são atribuídos à ferramenta do DED.
Há algum tipo de monitoramento do DED do ponto de vista técnico?
Mara Rodrigues: É um projeto novo e que precisa ser controlado. Temos que acompanhar todas as interferências e variáveis para entendermos se é um problema de conectividade local, da escola, de aplicação e, quando é este último, a Prodemge faz a correção no sistema.
Ressalto que, quando o sistema entra em atualização e manutenção e os professores não conseguem visualizar as informações já enviadas, nenhum dado sumirá ou será perdido do DED, pois realizamos um backup diário das informações. Então, os professores não precisam ter receio ou medo de perder todas as informações.
A SEE vai monitorar se o percurso pedagógico proposto está sendo desenvolvido nas escolas estaduais?
Mara Rodrigues: Na realidade, a intenção do diário escolar parte do mesmo princípio do diário de papel. É uma ferramenta que trabalha com os lançamentos do professor, ou seja, quem possui acesso direto ao diário não é a Superintendência Regional de Ensino (SRE), nem a SEE, mas a própria escola. Então, quem pode analisar o diário das turmas e fazer esse trabalho pedagógico são os atores que o acessam diretamente – professores, especialistas, secretários escolares, diretores, que acompanharão os lançamentos dos educadores.
A Secretaria de Educação receberá e trabalhará apenas com o consolidado das informações, por exemplo, das frequências diárias enviadas ao Simade; consolidação do bimestre com todas aulas ministradas. Então, não alteramos o diário escolar do professor, isso é um instrumento da escola. Vamos utilizar apenas informações consolidadas no Simade.
Como tem sido a aceitação e o diálogo com os profissionais das escolas?
Mara Rodrigues: No Diário Escolar Digital temos o ‘participe’ que permite aos professores, que acessam e utilizam a ferramenta, enviarem e-mails com sugestões, críticas e relatos de dificuldades que estão enfrentando como o sistema. Este canal, além de permitir uma comunicação com os diversos atores, também é fundamental para conseguirmos fazer as modificações necessária no DED. De antemão, aproveito para agradecer a participação e a contribuição de todos os profissionais da educação.
Além do “participe”, também possuímos o hotsite, onde disponibilizamos informações e respostas às perguntas que chegam pelo “participe”. O hotsite tem nos ajudado muito, pois muitos questionamentos se repetem e conseguimos respondê-los por esta via de comunicação.
O Diário Escolar Digital também possui um tutorial que explica o passo a passo para acessá-lo e para os professores lançarem a frequência e o aproveitamento dos estudantes. O diálogo também é mantido pelas avaliações realizadas pela equipe que mantemos em cada SRE.
O DED também é um desafio, já que é direcionado a todos os professores da rede estadual e alguns já têm intimidade com tecnologia, mas outros ainda estão começando e se adaptando aos novos processos tecnológicos.
Neste cenário, estamos tendo o cuidado, atenção e responsabilidade para encontrarmos o caminho do meio. Temos uma equipe de plantão e voltada ao DED. Como está em desenvolvimento, o Diário terá outras versões e todo o processo ocorrerá em um diálogo permanente e com a participação e contribuição de toda a rede, dos professores, diretores, das SREs, das subsecretarias da SEE.
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