Psicólogos do SEST SENAT falam sobre a importância do controle do estresse para enfrentar o trânsito
Se você começa a suar frio só de imaginar a possibilidade de pegar um engarrafamento no caminho, respire fundo. Esse grau de ansiedade não faz bem e pode ser indício de um transtorno psíquico. A psicóloga Margarida Soares, do SEST SENAT, observa que muitos motoristas profissionais a procuram com episódios de pânico, sinal de que estavam estressados há muito tempo.
O estresse, ela diz, é quase inevitável nas grandes cidades. “O motorista tem de estar vigilante o tempo todo. Está sempre preocupado em chegar logo, em cumprir as metas. Isso leva a um nível alto de adrenalina”, explica. Por instinto, o corpo sente essa descarga de adrenalina como agressão. “E violência gera violência”, conclui Margarida, invertendo os sinais da famosa frase “gentileza gera gentileza”. Esse é o pano de fundo dos “Patetas” do trânsito: aqueles indivíduos que se transformam quando põem as mãos num volante. Viram bicho.
Pedro Paulo Tolentino, psicólogo do SEST SENAT, faz a ressalva de que parte importante desse estresse não está nas ruas, mas em casa. “Às vezes, interferem elementos emocionais que já existem na vida da pessoa. Por isso, é preciso fazer uma autoanálise e identificar esses outros fatores, sejam eles frustração pessoal, depressão, insatisfações pontuais”, detalha. Mais cedo ou mais tarde, os aborrecimentos represados extravasam. “É necessário tirar as cargas que estão demais na vida”, aconselha.
Ambos psicólogos concordam que o transporte de passageiros é especialmente desafiador, pois o contato com o público multiplica as ocasiões de conflito. “Entram no ônibus pessoas de todo o jeito, cordiais ou não. O que tento mostrar ao rodoviário que se queixa da agressividade dos passageiros é que aquela violência não era contra a pessoa dele, embora tenha resvalado nele”, analisa Margarida. Às vezes, um simples “bom dia” melhora bastante a rotina de motoristas e cobradores.
Diante desse quadro, o que fazer para manter a tranquilidade no trânsito? Para Tolentino, a resposta passa uma revisão no estilo de vida, que precisa ser muito sincera. “Na psicologia, a gente acredita que tudo aquilo que incomoda – e sobre o qual não se conversa – acaba saindo do corpo na forma de doença. Portanto, motoristas, cuidem das suas emoções”, avisa. Margarida, por sua vez, chama a atenção para o sono, a alimentação e o lazer. “Esses cuidados são necessários para arrumar a fábrica interna, senão você já acorda irritado”, diz. Além disso, ela recomenda fortamente a prática de exercícios físicos, que ajudam o corpo a produzir substâncias relaxantes, como a serotonina e a endorfina.
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