Atividades de robótica já fazem parte das aprendizagens em escolas estaduais de Minas Gerais
Educação

Atividades de robótica já fazem parte das aprendizagens em escolas estaduais de Minas Gerais

Atividades de robótica já fazem parte das aprendizagens em escolas estaduais de Minas Gerais

SEE liberou mais de R$ 20 milhões em recursos para a aquisição de equipamentos para subsidiar as aulas

Muito mais que a teoria, os alunos do novo ensino médio da rede estadual têm acesso a atividades práticas, que os motivam a aprofundar conhecimentos e aplicar o que aprendeu. Com componentes curriculares que propõem desafios, os professores têm a possibilidade de trabalhar projetos inovadores. É o caso da professora Larissa Guimarães, da Escola Estadual Professora Maria de Barros, em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, que trabalha questões socioambientais e de sustentabilidade aliando cinema, robótica e uma metodologia desplugada, promovendo a interdisciplinaridade das eletivas de Cinema e Meio Ambiente com Tecnologia e Inovação.

“A sustentabilidade é muito bem debatida no filme Wall-E. Essa temática foi trabalhada com os alunos em forma de debates e rodas de conversa. E, pensando na ótica do cinema, propus aos alunos que fizéssemos uma refilmagem do filme e construíssemos um robô”, conta Larissa.

Em meio ao processo de desenvolvimento, eles elaboraram um robô feito de lego, que é um protótipo do personagem principal do filme, e depois deram movimento às imagens por meio de técnicas de slow motion (câmera lenta), tirando várias fotos. Por sugestão da professora, a montagem dos legos foi feita sem a utilização de tecnologia, como tutoriais de internet. Os alunos usaram apenas um manual de instruções.

SEE-MG / Divulgação

O foco dessa estratégia era que os alunos conhecessem a cultura maker por meio da experimentação prática, desenvolvendo a capacidade criadora e descobrindo que essas capacidades serviriam para as resoluções de desafios rotineiros. Gabriel Chaves Rosa Silva e Maria Eduarda de Oliveira Ribeiro, estudantes do 2º ano do Ensino Médio em Tempo Integral da instituição, destacam o protagonismo e o aprendizado que tiveram ao desenvolver o projeto do Wall-E.

“A vivência que tivemos durante a realização desse projeto foi a aprendizagem de trabalhar em grupo, mesmo com nossos pequenos problemas na montagem do robô e na leitura do manual. Essa nossa experiência nos possibilita resolver problemas reais, como a montagem de um guarda-roupa, por exemplo”, frisa Maria Eduarda.

Investimento

A atividade foi possível por meio do investimento de R$ 20 milhões, pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), desde 2021, em escolas de ensino médio para obtenção de materiais do chamado “kit robótica”. Os recursos são destinados à aquisição de equipamentos para subsidiar as aulas práticas que envolvem a transversalidade com temáticas de inovação, robótica, tecnologia e mecânica.

“Hoje, a gente implementa no 1º e no 2º ano do ensino médio diurno o componente de Tecnologia e Inovação, em que o professor e os alunos têm um caderno pedagógico. Desde o fim de 2021, nós encaminhamos recursos para que as escolas façam a aquisição de materiais para subsidiar as aulas”, afirma a diretora de ensino médio da SEE/MG, Rosely Lima.

Cada escola tem a liberdade de avaliar quais equipamentos melhor se encaixam na realidade das unidades curriculares desenvolvidas pela instituição e adquirir aqueles que serão melhor aplicados. Por meio de um termo de doação com o Grupo Gerdau foram elaborados materiais de apoio com a finalidade de auxiliar os conteúdos ministrados em sala.

Tecnologia e inovação

Sob a coordenação do professor Francisco Herbert Assis, responsável pela disciplina de Tecnologia e Inovação da Escola Estadual Afonso Pena Júnior, do município de São Tiago, no Campo das Vertentes, a turma do primeiro ano do novo ensino médio se mostrou curiosa com a possibilidade de desenvolver um projeto articulador, que unisse a teoria e a prática, com o kit robótica. Esse impulso criativo os levou a montar um robô de circuito de pequenas funcionalidades. O projeto resultou na participação do grupo na Feira de Ciências/2022, na qual venceram a competição em segundo lugar. Hoje, os estudantes estão no 2º ano e se lembram com orgulho do projeto que desenvolveram.

“Durante as aulas, o Herbert trabalhou com a gente eletrônica e robótica, e passou a teoria sobre o funcionamento de alguns componentes eletrônicos. Tivemos algumas dificuldades, mas aprendemos diversas coisas novas aplicando conhecimentos de aulas teóricas”, ressalta o estudante Felipe Almeida Caputo, hoje do 2º ano do ensino médio.

O componente Tecnologia e Inovação visa estimular o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências que possibilitem a resolução de problemas, o exercício do pensamento crítico, da criatividade, da cooperação e da colaboração, de modo a estruturar respostas e soluções aos desafios apresentados nos diversos contextos de vivência e convivência dos estudantes, a fim de auxiliar em sua formação integral, além de implementar novas aprendizagens em sala de aula.

A princípio, o objetivo era construir robôs para uma luta, entretanto, com o desenvolvimento da montagem e a aproximação da Feira de Ciências, surgiu uma nova finalidade para o projeto: um robô de circuito de pequenas funcionalidades. “Começamos a desenvolver esse projeto de forma específica para a Feira de Ciências. Eles fizeram um bom trabalho, apesar de não ser exatamente a nossa proposta, conseguiram se destacar”, pontua o professor.

A experiência de participar de um projeto que envolve teoria, prática, conhecimentos interdisciplinares e trabalho em equipe promove nos estudantes o desenvolvimento de novas habilidades e o aperfeiçoamento de conhecimentos. Como relata Vinícius: “Acho que as aulas de Tecnologia e Inovação são importantes, principalmente, para despertar o gosto por tecnologia, que é uma área que vem crescendo cada vez mais. Eu, por exemplo, comecei a trabalhar em uma loja de informática depois desse projeto”, afirma o estudante.

 

 

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