Por isso, é importante acompanhar o relógio biológico e ter um sono de boa qualidade
As férias são uma oportunidade de ajudar o organismo a entrar em um ritmo de funcionamento mais saudável e de reorganizar o relógio biológico. O que contribui para a regulação dos mecanismos do corpo humano, como a produção de hormônios, a sensação de fome, a manutenção da temperatura corporal e, até mesmo, a estimulação sexual. Segundo a psicóloga e sexóloga Sonia Eustáquia, esse sistema é afetado pela rotina e pelas obrigações do dia a dia. “São muitos os nossos compromissos e, para cumpri-los, abdicamos ou retardamos os nossos horários de alimentação, de descanso e de lazer. Por isso não é fácil manter o corpo e a mente em ritmo natural. E logo surge o estresse, a necessidade de parar.”
Acompanhar o relógio biológico e conservar um sono de boa qualidade são exemplos de atitudes que auxiliam na liberação dos hormônios responsáveis pelo desenvolvimento adequado das crianças e dos adolescentes, e que estimulam a disposição e motivação dos adultos. “Nas férias, sem a influência de compromissos diários, é importante que o corpo volte a funcionar em um ritmo natural, ditado apenas por seu relógio biológico. Dar uma parada no corre-corre diário proporciona inúmeros benefícios para nosso organismo, principalmente pelo fato de harmonizá-lo”, garante Sonia.
Ela ressalta que algumas pessoas ficam perdidas quando a rotina é quebrada e a expectativa de férias pode produzir tensão. A psicóloga explica que, para alguns, as férias podem até ser tranquilas e festivas nos primeiros dias, mas, logo em seguida, começa uma sensação de inutilidade e o pensamento voltado para o dia em que as férias terminem começa a produzir sofrimento. “Não permita que nada e ninguém, inclusive você mesmo, impeçam a oportunidade maravilhosa de desfrutar momentos felizes da vida. O principal motivo é o de interromper o ritmo do organismo estressado, levando-o a um outro ritmo, de calma e prazer.”
De acordo com a especialista, o estresse é uma atividade biológica e mental necessária para adaptação do organismo às novas circunstâncias, podendo manifestar-se em ocasiões de perigo, agressões, ameaças ou, simplesmente, em situações ainda não vividas. “Ele se traduz na ansiedade, que só é considerada normal quando é adaptativa. Quando em excesso, a ansiedade prejudica a qualidade de vida e a saúde do indivíduo e esgota as suas capacidades, reprimindo os momentos felizes. Na prática, com a falta de férias, a pessoa fica com pouca criatividade para o trabalho, força vital para a prática sexual, diminuição da capacidade cognitiva e possivelmente de todas as funções cerebrais, como a memória”, salienta.
Sintomas
A psicóloga esclarece que nervosismo, irritabilidade, distúrbios do sono e alimentar, sintomas psicossomáticos (corpo), inquietação, aumento da ansiedade e sintomas depressivos são sinais de que a pessoa está precisando tirar férias. Esses sintomas podem também aparecer em estudantes e donas de casa. “Os estudantes podem apresentar sérios sintomas de estafa, como dores generalizadas no corpo, depressão, aparecimento de doenças psicossomáticas (doenças do corpo, elevação da pressão arterial e doenças cardíacas), entre outros desajustes no organismo. Já na dona de casa, perda da vitalidade sexual, sentido para a vida, apatia, esquecimentos contínuos e também muita somatizações de doenças são percebidos por conta da rotina intensa e desestimulante.”
Pausas na rotina, proporcionadas pelas férias, são importantes para ajudar o organismo a reorganizar o relógio biológico. “Elas podem recuperar a saúde num todo. Creio que a pessoa que faz análise deve continuar o processo mesmo depois de desaparecidos os sintomas, porque a análise e a psicoterapia visam principalmente ao crescimento interno da pessoa.”
Sonia explica que a quantidade de dias de férias variará de pessoa para pessoa. “Algumas precisam de 20 ou mais dias; outras, basta uma semana. Geralmente, quando viajamos para uma praia, onde os passeios são repetitivos, poucos dias bastam. Quando vamos conhecer outros países, tirar de 10 a 15 dias é o suficiente. As novidades também necessitam ser bem ‘digeridas’. Sem a influência de compromissos diários, o corpo volta a funcionar em um ritmo natural, ditado apenas pelo relógio biológico. Entretanto, uma pausa muito pequena pode não surtir esse efeito”, afirma. Após o período necessário para cada organismo, já será possível sentir uma agradável sensação de relaxamento e de bem-estar.
“Hoje, o medo do perigo vive dentro de nós. Ele dorme e acorda conosco. Teme-se a competitividade social, segurança urbana, competência profissional, sobrevivência econômica, perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaças simbólicas e reais”, ressalta Sonia. “Por isso, manter-se na ativa, vigilante e trabalhando, dá a impressão de segurança. Talvez daí venha o medo de parar e usufruir as férias com tranquilidade. Continuar ansioso pode talvez significar não ‘baixar a guarda’, perder o estado de prontidão. Algumas pessoas se sentem como se estivessem sem rumo quando a rotina é alterada. Com isso, a expectativa de férias, que deveria ser um momento de prazer e planos de descanso, pode produzir tensão e no meio ou final do período, ocorre uma sensação de inutilidade produzindo angústia e vontade de voltar para o lugar seguro, entre aspas, que é o trabalho.”
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