A prevenção é fundamental e inclui o uso de preservativos, testes regulares e vacinação – quando disponível
O Dezembro Vermelho – mês dedicado à conscientização sobre o HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é extremamente importante para destacar a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado dessas condições.
A médica infectologista do MPHU, Ana Paula Felice esclarece as dúvidas e compartilha informações relevântes sobre as ISTs, abordando desde os sintomas mais comuns e formas de prevenção, até estratégias para reduzir o estigma e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Quais são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) mais comuns e quais os principais sintomas que devemos estar atentos?
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) mais comuns incluem a clamídia, gonorreia, sífilis, herpes genital, HPV, HIV e tricomoníase:
- Clamídia: muitas vezes assintomática, mas pode causar dor ao urinar, corrimento genital (branco, amarelado ou esverdeado), dor abdominal e sangramento fora do período menstrual.
- Gonorreia: resulta em sintomas como corrimento genital (espesso e amarelado), dor ao urinar, dor ou inchaço nos testículos (em homens), dor abdominal (em mulheres) e sangramento fora do período menstrual.
- Sífilis: em sua fase inicial podem surgir pequenas feridas indolores na região genital, ânus, palma das mãos ou boca (cancro duro), e que se não tratada pode progredir para erupções cutâneas, febre, dor de cabeça, e, em estágios mais avançados, pode comprometer o sistema nervoso e cardiovascular.
- Herpes Genital: são lesões dolorosas semelhantes a pequenas bolhas na região genital, ânus ou boca, que evoluem para úlceras e crostas, acompanhadas de coceira, dor e, em alguns casos, febre e mal-estar.
- HPV (Papilomavírus Humano): muitas vezes é assintomático, mas pode causar verrugas na região genital. Alguns tipos de HPV estão associados a um risco aumentado de câncer de colo de útero, anal e/ou orofaríngeo.
- HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana): inicialmente os sintomas são semelhantes a uma gripe (febre, cansaço, dores musculares). O HIV pode manter-se de forma assintomática por anos antes de evoluir para a AIDS, momento em que o sistema imunológico fica gravemente comprometido pelo vírus.
- Tricomoníase: cursa com corrimento vaginal (amarelado ou esverdeado, com odor forte), coceira, dor durante o ato sexual e ao urinar. Em homens, geralmente é assintomática, mas pode causar irritação na uretra.
É importante estar atento a esses sintomas e, ao notá-los, buscar avaliação médica para diagnóstico e tratamento adequado. Além disso, a prevenção é fundamental e inclui o uso de preservativos, testes regulares e vacinação (quando disponível, como no caso do HPV).
De que forma o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com ISTs, incluindo a AIDS?
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo a AIDS, por várias razões como: o controle dos sintomas, pois com um diagnóstico precoce, é possível iniciar o tratamento antes que os sintomas se agravem, o que ajuda a controlar sintomas como dores, lesões, corrimentos e outros desconfortos, impactando diretamente na qualidade de vida dos pacientes; na prevenção de complicações e na progressão da doença, pois a intervenção precoce evita complicações. No caso do HIV, o tratamento antirretroviral impede a progressão para a AIDS e mantém o sistema imunológico mais forte e funcional; a redução da transmissão, porque se os pacientes diagnosticados e devidamente tratados precocemente terão menos chance de transmitir a infecção a outras pessoas; na manutenção do bem-estar psicológico e social, pois o diagnóstico e tratamento precoces, juntamente com apoio psicossocial, ajudam a reduzir o estigma pessoal e social, promovendo melhor adaptação e qualidade de vida; na prevenção de impactos a longo prazo na saúde sexual e reprodutiva, uma vez que ISTs não tratadas podem afetar a saúde reprodutiva, causando infertilidade ou complicações na gravidez, e com o diagnóstico e tratamento rápidos, é possível prevenir essas consequências e preservar a saúde sexual e reprodutiva do paciente.
Então, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado não apenas controlam a infecção e protegem a saúde física do paciente, mas também promovem bem-estar emocional, social e uma vida com mais segurança e qualidade, o que reforça a importância do acesso a serviços de saúde e prevenção contínua.
Qual é a importância do uso de preservativos para a prevenção de ISTs e AIDS, e que outros métodos de prevenção podem ser adotados?
O uso de preservativos é uma das formas mais eficazes de prevenção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo a AIDS, porque eles atuam como uma barreira física que impede o contato direto com fluidos corporais, onde os agentes infecciosos estão presentes. Os principais motivos que ressaltam a importância do uso de preservativos e outros métodos complementares de prevenção são:
- Eficácia na prevenção das ISTs: o preservativo impede a transmissão de ISTs causadas por vírus, bactérias e protozoários, como o HIV, a sífilis, a gonorreia, a clamídia e o HPV.
- Fácil acesso e baixo custo: os preservativos são amplamente acessíveis, com baixo custo ou até fornecidos gratuitamente em diversas campanhas e unidades de saúde, o que facilita sua utilização e amplia o alcance da prevenção.
- Proteção reprodutiva e familiar: além de prevenir ISTs, o preservativo também é um método eficaz de controle de natalidade. Dessa forma, ele ajuda a proteger a saúde reprodutiva de indivíduos e famílias, permitindo um planejamento seguro.
Embora o preservativo seja o método mais acessível e eficaz, existem outros métodos de prevenção que podem ser adotados em conjunto para aumentar a segurança:
- Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): a PrEP é uma medicação diária indicada para pessoas com alto risco de exposição ao HIV, como parceiros de pessoas vivendo com HIV, e ela reduz significativamente o risco de infecção.
- Profilaxia Pós-Exposição (PEP): a PEP é um tratamento de emergência que deve ser iniciado dentro de 72 horas após uma possível exposição ao HIV. É indicada para situações de risco, como rompimento de preservativo ou violência sexual.
- Vacinação: algumas ISTs, como o HPV e a hepatite B, podem ser prevenidas por meio de vacinas. A vacinação contra o HPV é recomendada para adolescentes e adultos jovens, pois protege contra os tipos de HPV que causam verrugas genitais e cânceres.
- Testagem regular: realizar testes regulares para ISTs ajuda na detecção precoce e tratamento das infecções, evitando sua propagação para parceiros e reduzindo o risco de complicações.
- Educação sexual e conscientização: a informação é essencial para a prevenção. Campanhas de conscientização que abordam o uso de preservativos, os riscos das ISTs e a importância da testagem são fundamentais para uma população mais informada e saudável.
- Redução de parceiros sexuais e relações monogâmicas: manter um número reduzido de parceiros ou estar em um relacionamento monogâmico onde ambos os parceiros são testados pode diminuir o risco de exposição a ISTs.
O uso do preservativo, combinado com esses outros métodos de prevenção, oferece uma abordagem ampla e eficaz para a proteção contra ISTs. A prevenção continua sendo a forma mais segura e econômica de manter a saúde sexual e reprodutiva em dia, promovendo qualidade de vida e bem-estar.
Existem grupos de risco mais suscetíveis às ISTs e AIDS? Como é possível reduzir as taxas de infecção nesses grupos?
Sim, existem grupos de risco que são mais suscetíveis às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e à AIDS devido a fatores biológicos, sociais e comportamentais. Esses grupos incluem, principalmente: Homens que fazem sexo com homens (HSH); pessoas que fazem uso de drogas injetáveis; profissionais do sexo: adolescentes e jovens que muitas vezes têm menos acesso a informações e recursos de prevenção e são mais suscetíveis a comportamentos de risco; pessoas transgênero. Algumas estratégias para reduzir as taxas de infecção seriam:
- Acesso facilitado aos preservativos e lubrificantes, onda a distribuição gratuita e acessível de preservativos e lubrificantes é essencial, especialmente em locais frequentados por grupos de risco, como centros de convivência, clínicas e eventos comunitários.
- Promoção de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição (PEP), pois ampliar o acesso à PrEP e à PEP é crucial para proteger pessoas em situações de alto risco. Campanhas informativas sobre a PrEP, especialmente para HSH, profissionais do sexo e parceiros sorodiscordantes (onde um parceiro vive com HIV e o outro não) ajudam a reduzir a taxa de novas infecções.
- Campanhas de educação e conscientização com o objetivo de diminuir comportamentos de risco.
- Serviços de testagem e diagnóstico rápido e acessível, pois o diagnóstico precoce permite tratamento rápido, prevenindo a propagação da infecção e melhorando a qualidade de vida.
- Redução do estigma e acolhimento nos Serviços de Saúde para encorajar esses indivíduos a acessarem cuidados preventivos e tratamento.
- Vacinação contra HPV e Hepatite B: Com o devido apoio psicossocial
Essas estratégias, combinadas com políticas públicas inclusivas, são fundamentais para diminuir a taxa de infecções entre grupos de risco e promover saúde e bem-estar para toda a população.
Quais cuidados ou orientações recomenda para quem teve uma exposição de risco e quer se prevenir ou buscar tratamento?
Para quem teve uma exposição de risco ao HIV ou outras ISTs, é fundamental buscar atendimento médico rapidamente e tomar medidas preventivas para reduzir as chances de infecção, protegendo-se:
- Procure atendimento médico imediato, idealmente em até 72 horas, pois em muitos casos, as unidades de saúde podem oferecer tratamento preventivo, como a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que é mais eficaz quanto antes for iniciada.
- Iniciar a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) para HIV: que é um regime de medicamentos antirretrovirais, que devem ser tomados por 28 dias para prevenir a infecção pelo HIV após uma possível exposição. Devddnco ser iniciada o quanto antes, idealmente dentro de 2 horas e no máximo em 72 horas após a exposição.
- Realize Testes para HIV e Outras ISTs, pois além do HIV, outras ISTs, como sífilis, hepatite B e C, clamídia e gonorreia, também podem ser transmitidas em uma exposição de risco. O profissional de saúde pode recomendar exames iniciais e acompanhamento a longo prazo, pois algumas infecções podem demorar um pouco para serem detectadas nos testes.
- Atenção aos sintomas como febre, dor de garganta, erupções cutâneas, corrimento ou dores na região pélvica, pois podem indicar infecção por alguma IST, e o surgimento de qualquer um deles deve ser relatado ao profissional de saúde.
- Evite novas exposições até o final do tratamento e nova testagem para minimizar riscos adicionais e proteger os parceiros.
- Considere a profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em caso de exposição frequente, pois a PrEP é um medicamento diário recomendado para pessoas em situação de risco contínuo de exposição ao HIV, como pessoas com parceiros soropositivos, profissionais do sexo ou usuários de drogas injetáveis.
- Eduque-se sobre práticas de prevenção e acolhimento psicológico, pois é natural sentir-se ansioso ou preocupado.
- Vacinação contra Hepatite B e HPV (se aplicável);
- Evitar o uso de drogas e álcool em excesso, pois são substâncias que podem comprometer o julgamento e isso não ajudaria a manter práticas sexuais seguras e reduzir comportamentos de risco.
- Manter acompanhamento regular
Seguir essas orientações ajuda a prevenir infecções e proporciona segurança e tranquilidade. A prevenção e a orientação médica são fundamentais para quem quer evitar complicações e promover saúde e bem-estar.
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