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Diabetes causou média de 46 amputações por dia em 2021
Saúde

Diabetes causou média de 46 amputações por dia em 2021

Diabetes causou média de 46 amputações por dia em 2021

O pé diabético, que pode levar ao problema, representa um dos motivos principais para hospitalização; ABTPé ressalta cuidados

O diabetes é uma doença que afeta mais de 16,8 milhões de brasileiros, segundo a International Diabetes Federation. Em 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que reforça o alerta ao problema que tem, entre as principais complicações, as amputações de membros inferiores.

De acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro de 2021, foram realizadas 12.639 cirurgias de amputações de membros inferiores, como pés e pernas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), decorrentes da diabetes. O número equivale à média de 46 procedimentos por dia e é 4,18% maior do que o registrado no mesmo período de 2020 (12.132 amputações).

A diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta ou da incapacidade para a insulina exercer adequadamente seus efeitos. Pessoas com diabetes apresentam potencial para o surgimento de úlceras nos pés, uma das complicações mais comuns e que podem levar à amputação de um membro ou parte dele.  Estima-se que 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida. Um dado da International Diabetes Federation, de 2019, ressaltou que, mundialmente, a cada 20 segundos um membro inferior – pé ou perna – é amputado em decorrência das complicações da diabetes.

“O diabetes pode causar problemas graves nos pés, que incluem a neuropatia, com alteração da sensibilidade, e vasculopatia, com prejuízo da circulação local. Essas duas condições associadas facilitam o aparecimento e a dificuldade de cicatrização das referidas úlceras cutâneas, que podem evoluir para infecções de pele (celulite), infecções ósseas (osteomielite), coleções de pus (abcessos) e até gangrena”, fala o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José Antônio Veiga Sanhudo.

O especialista explica que os sintomas da neuropatia incluem a perda parcial ou total da sensibilidade do pé (toque, temperatura e dor) e alterações da sensibilidade que frequentemente se expressam como formigamento. “Em razão disso, os pacientes podem desenvolver bolhas, calosidades ou feridas, mas podem não sentir nenhuma dor”, salienta.

A diminuição da circulação pode causar mudança na coloração e temperatura da pele e dor isquêmica, muitas vezes incapacitante. Inchaço nos membros inferiores são também mais comuns nos diabéticos em virtude do comprometimento vascular.

 

O custo do pé diabético

Os custos da saúde são cinco vezes maiores em indivíduos com diabetes e úlceras no pé quando comparados com indivíduos sem as úlceras. Uma pesquisa realizada entre 2014 e 2017 pela Universidade de Goiás, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul apontou que, em 2014, as hospitalizações de pacientes com diagnóstico de Diabetes Mellitus para procedimentos relacionados ao pé diabético custaram R$ 48,4 milhões. Na estimativa do valor, apenas os médicos diretos foram incluídos. Os custos não médicos, perda de produtividade, custos com órteses e próteses, custos de assistência domiciliar e serviços sociais para pacientes que sofreram amputação nas extremidades inferiores, não foram incluídos no estudo. “Isso significa que o impacto econômico geral do pé diabético é ainda mais significativo”, salienta Sanhudo.

 

Cuidados

Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção nas seguintes ações:

– Não andar descalço, especialmente fora de casa. O uso de calçados especiais para diabéticos – fechados, sem costura interna, com a parte da frente larga e alta e que tenham palmilhas confortáveis – são recomendados sempre que possível.

– Sempre usar meias, de preferência brancas (que facilitam a identificação de secreções), de algodão (que irritam menos a pele), com costura pouco volumosa e sem elástico (para não comprometer a circulação).

– Examinar os calçados antes de vesti-los, para certificar-se que não há nenhum objeto dentro que possa machucar o pé.

– Examinar os pés pelo menos uma vez ao dia, tanto à procura de calos e úlceras, quanto para verificar micoses e rachaduras. Em caso de diminuição da acuidade visual, peça para alguém realizar o exame.

– Em caso de sapatos novos, examine o pé a cada 30 minutos na primeira semana de uso e sempre examine os pés ao removê-los.

– Procure manter os pés hidratados para evitar rachaduras cutâneas e infecções secundárias.

– Não tentar retirar calos, limpar úlceras ou cortar as unhas sozinho.

 

Sobre a ABTPé

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé) foi fundada em 1975 com a missão de unir a classe médica na especialidade, além de estimular o intercâmbio de informações científicas, fomentando a educação continuada entre os especialistas de pé e tornozelo no Brasil. Também tem a responsabilidade de esclarecer a população sobre os temas relacionados à especialidade.

A ABTPé está à disposição para informações e entrevistas sobre a saúde e cuidados com os tornozelos e pés, trazendo esclarecimentos sobre diversos temas, como acidentes nos esportes com lesões, acidentes domésticos com lesões, deformidades, pé diabético, cuidados com o uso de saltos altos, joanetes, fascite plantar, cirurgia plástica nos pés, esporão do calcâneo, calos e calosidades, metatarsalgia, neuroma de Morton, gota, artrite, entorse, fraturas, entre outros.

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