Convidados pedem oferta de mamografias a partir de 40 anos
Motivada por Outubro Rosa, audiência discute política de prevenção e tratamento de câncer de mama.
A necessidade de melhorar os programas de prevenção de câncer de mama, principalmente com oferta periódica de mamografias no Sistema Público de Saúde (SUS) a partir dos 40 anos, foi a principal demanda apresentada em audiência pública, na manhã desta quarta-feira (18/10/17). A reunião foi realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e debateu as politicas públicas no estado para prevenção e tratamento do câncer de mama. O encontro foi motivado pelo Outubro Rosa, movimento marcado por campanhas de conscientização sobre o assunto.
Uma das questões tratadas foi o chamado “rastreamento organizado”. O médico Henrique Lima Couto, representante da Sociedade Brasileira de Mastologia (Regional Minas Gerais) explicou que é importante ter uma base de dados organizada das mulheres e um projeto consistente de convocação delas para realizar os exames. Assim, seria possível detectar casos precocemente e seriam evitados exames desnecessário. Segundo o médico, hoje o que se faz é a indicação de exames para as mulheres que vão, voluntariamente, aos postos de saúde, aproveitando sua presença. Como resultado, algumas mulheres não fazem os exames necessários enquanto outras acabam fazendo mais exames do que o necessário. Henrique Couto exemplificou que, em 2009, 40% das mulheres que fizeram exame de citologia no Brasil já tinham feito o teste no mesmo ano – e a repetição é desnecessária.
Henrique Couto também fez uma breve palestra com explicações gerais sobre prevenção e tratamento de câncer de mama. Ele destacou que a mamografia deve ser oferecida de forma gratuita periodicamente pelo menos a partir dos 40 anos, e não só aos 50 como define a atual política federal, que determina que antes dessa idade o exame só é oferecido com indicação médica. A jornalista Daniella Zupo esteve presente para dar seu depoimento. Ela foi diagnosticada precocemente com câncer de mama e teve acesso imediato a tratamento. A história é narrada por ela no livro “Amanhã hoje é ontem” e ela destacou que a sua cura só foi possível pela detecção da doença em seu estágio inicial.
Ela ressaltou que é importante oferecer exames preventivos antes dos 50 anos, no que foi apoiada por representantes de várias entidades da sociedade civil de apoio às mulheres com a doença. “Belo Horizonte é hoje, em Minas Gerais, onde há a maior oferta de mamografias, mas o índice de mortalidade continua crescendo. Porque? Mais de 60% dos casos detectados já são de tumores de mais de dois centimetros”, disse Thadeu Rezende Provenza, superintendente da Associação de Prevenção ao Câncer na Mulher. A associação que ele representa trabalha com essa prevenção e ele criticou a falta de apoio do Poder Público ao trabalho.
Número de mamografias está crescendo, de acordo com SES
A representante da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais, Cláudia Carvalho Pequena, apresentou a rede de atendimento do SUS em Minas Gerais e os índices mineiros. Segundo ela, a realização de mamografias tem aumentado pelo menos desde 2010 e há constante fiscalização dos serviços oferecidos. “Temos carências, subfinanciamento e deficiências, mas estamos trabalhando para melhorar a cada dia. Se temos que lutar, que seja para um SUS mais forte”, disse.
O médico Henrique Lima Couto destacou que o ideal é que o tratamento comece em, no máximo, oito semanas depois da detecção da doença, mas que pesquisa feita no Hospital Alberto Cavalcanti, referência do SUS no tratamento da doença, só há acesso depois de 90 dias. Ele ressaltou, ainda, que vários tratamentos e medicamentos oferecidos com bons resultados na rede privada de saúde no início da doença só são acessíveis por usuários do SUS quando a doença já está avançada, com prejuízos para os pacientes.
Apoio – Os deputados Antônio Jorge (PPS) e Carlos Pimenta (PDT), autores do requerimento que deu origem à reunião, salientaram a necessidade de priorizar a criação de políticas mais eficientes de prevenção e tratamento da doença. Carlos Pimenta defendeu que a mamografia volte a ser oferecida sem prescrição médica a partir dos 40 anos de idade. O deputado Geraldo Pimenta (PCdoB) também apoiou a causa e ressaltou que é preciso pressionar os governos federal e estadual para criação de uma política de prevenção consistente. O deputado Bonifácio Mourão (PSDB) criticou o governador Fernando Pimentel que teria, segundo ele, paralisado a construção de hospitais regionais que começaram a ser construídos na gestão anterior. Carlos Pimenta também criticou o atual governo, que teria reduzido os investimentos em programas importantes de prevenção ao câncer de mama.
Ao final, o deputado Doutor Wilson Batista (PSD) disse que são dois desafios para o futuro: cadastrar todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade com o objetivo de garantir o maior alcance possível dos programas de exames preventivos; e criar centros oncológicos para que a Lei 22.433, de 2017, que determina que o tratamento seja iniciado no máximo em trinta dias depois do diagnóstico, possa ser efetivada.
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