Mapeamento de prejuízos e orientações para reduzir impactos sobre a produção têm sido prioridade
Ainda sob efeito das chuvas no estado, que atrapalham os trabalhos no campo, as equipes da Emater-MG continuam a percorrer as propriedades rurais para prestar ajuda aos produtores que tiveram perdas devido às tempestades. Um dos municípios bastante afetados, São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, registra muitos agricultores que tiveram grandes prejuízos nas lavouras, especialmente os que atuam no cultivo de hortaliças.
O extensionista local Vitor Lucas Marques Silva conta que as culturas mais atingidas foram as folhosas, como alface, couve, almeirão, cebolinha e outras. “São plantas que não conseguem suportar grande intensidade de chuvas”, justifica. Ele aponta ainda o prejuízo em áreas de abóbora e chuchu.
Produtor, Geraldo Camilo Machado cultiva hortaliças no município há mais de 30 anos e diz nunca ter sofrido tantas perdas por causa das chuvas. Ele conta que colhia cerca de 2,4 mil caixas de verduras por dia. Agora, está tirando a média de 200 a 400. “Já tive muita perda por causa de granizo, mas por chuvas em excesso é a primeira vez. Vou ficar um bom período até recuperar tudo, pois muitas culturas demandam replantio, até para obter as mudas, como a couve”, registra o agricultor.
O técnico local estima prazo superior a um mês até que a produção se recupere. “Com relação às folhosas, o ciclo é muito rápido. Então, com 40 dias, no caso da alface, acredito que os agricultores devem ter o produto novamente para a venda. Mas, estamos contando apenas com as chuvas que já caíram, não dá para saber como estará o tempo daqui para frente”, observa.
Demandas
Coordenador regional de Horticultura da Emater-MG, Wagner Fani conta que alguns municípios do entorno de Bicas também enfrentam situação semelhante. “A gente tem procurado acompanhar o agricultor, juntamente com as secretarias municipais de Agricultura e de Meio Ambiente, tentando levantar as possíveis perdas, principalmente de de hortaliças, que mais sofreram com as chuvas intensas”, diz
Além do levantamento de perdas, os extensionistas da Emater-MG estão orientando produtores sobre o plantio em nível para ajudar no carreamento das águas e ensinando sobre a importância de manter o solo coberto para evitar erosões e o deslocamento de terra.
Outra iniciativa importante dos profissionais da empresa pública de extensão rural tem sido a orientação sobre acesso ao crédito rural, que pode auxiliar agricultores a se manterem até que a produção seja regularizada e a recuperar as lavouras atingidas.
“Os produtores que tiveram grandes perdas também podem procurar os bancos para renegociar as dívidas agrícolas. Esse tipo de renegociação está prevista no Manual de Crédito Rural, do Banco Central. A instituição bancária que concedeu o crédito deve pedir um laudo técnico, como os emitidos pela Emater-MG. Na própria agência o produtor recebe todas as orientações de como proceder”, explica o coordenador técnico estadual de Crédito Rural da Emater-MG, José Henrique Barbosa.
Granizo
Em dezembro de 2021, a região de Ravena, distrito de Sabará, foi assolada por uma tempestade de granizo que destruiu aproximadamente 70% da produção local. Na época, alguns agricultores perderam de 70% a 100% da produção. A situação foi agravada pelas chuvas torrenciais de janeiro de 2022, que prejudicaram o trabalho de recuperação das lavouras. O principal produto agrícola do distrito é a banana.
Desde então, a Emater-MG está mobilizando os agricultores atingidos e realizando levantamento das perdas individuais. A empresa fez ainda um diagnóstico mais preciso com drone em duas propriedades atingidas que têm a certificação de banana orgânica pelo IBD.
“Em uma delas, calculamos que o produtor teve cerca de 36,9% da área de bananal afetada. Já na outra, diante do quadro de perdas, chegamos a 43,8% do território prejudicado. Nos dois casos, estima-se que a produtividade caia mais de 21%”, diz o coordenador estadual de Tecnologia e Inovação da Emater-MG, Péricles Marques.
Dados
O levantamento das ações executadas pela empresa mostra que, até o dia 2/2, relatórios da produção agropecuária afetada foram enviados a 403 prefeituras, acompanhados de dados climatológicos.
Essas informações têm subsidiado as prefeituras na elaboração dos decretos emergenciais nos municípios. Já o serviço de assistência técnica, com orientações sobre o controle fitossanitário de doenças fúngicas que afetam a produção durante o período chuvoso, foi entregue a 609 agricultores. Esse controle é necessário para a prevenção de doenças oportunistas que também afetam a produção.
Os profissionais da Emater-MG fizeram, ainda, mais de cem projetos técnicos para produtores rurais, visando à captação de recursos de cerca de R$ 9 milhões, além da elaboração de laudos técnicos individuais gratuitos para a agricultura familiar e o apoio aos municípios e aos mais de 40 mil agricultores familiares inscritos no Garantia-Safra.
O programa federal recebe aporte financeiro do Governo de Minas para a concessão de benefício financeiro em caso de perda da safra devido à estiagem ou excesso de chuvas.
Em resposta às demandas surgidas com as fortes chuvas, o Estado lançou o programa Recupera Minas com destinação de R$ 603 milhões em recursos estaduais para ações de infraestrutura e suporte a pessoas e cidades afetadas.
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