Desta vez, a exposição “Muros Invisíveis” acompanha o tema do Festival, “Educação, Literatura e Patrimônio”, ao apresentar fotografias de 43 professoras e professores negros de Araxá, ocupando os 100 metros de fachada do Festival, na Avenida Imbiara.
A curadoria da mostra é de Marisa Rufino e Carlos Vinícius Santos, e os registros são do fotógrafo Gabriel Andrade de Paula. Junta-se ao trio o artista visual Matheus Black que, com sua arte de raízes no graffiti, ocupou toda a extensão da fachada que serve de cenário, de acordo com a identidade visual e temática do Fliaraxá, em harmonia com as fotos. Victor Silva dos Santos, estudante, aprendiz de fotógrafo e artista, também participa do grupo.
Para a curadora da mostra, Marisa Rufino, que, além de educadora social, faz parte da liderança da Central Única das Favelas – Cufa –, em Araxá, e do Movimento Negro Unificado – MNU –, fazer parte da curadoria da exposição “Muros Invisíveis” reafirma toda a sua caminhada como militante da Mulher Preta. “Com o tema do Festival sendo ‘Educação, Literatura e Patrimônio’, não tinha como não escolher para serem homenageados nossos professores pretos e pardos de Araxá, em especial da rede municipal”, acredita. Rufino destaca que estar à frente de uma missão como essa requer muita responsabilidade. “A nossa intenção com a escolha não é selecionar, e sim representar todos os demais.” No processo, ela conta que a curadoria percorreu diversas escolas e, com cada diretor, chegou a esses nomes que estão sendo homenageados. “Chorei junto de cada selecionado(a) e, quando eu ligava na escola para contar sobre a seleção, a emoção enchia nosso coração de alegria. Minhas palavras foram ‘você foi a(o) escolhida(o) para representar todos nós, pelo seu serviço prestado tantos anos como educador(a). Esse reconhecimento reforça o grande respeito que temos pela sua caminhada e trajetória’”, recorda.
Carlos Vinícius Santos, curador da Exposição, e que também atua no Centro de Referência da Cultura Negra de Araxá, acrescenta que a curadoria da mostra desse ano foi um trabalho sistemático de visita a todas as escolas públicas municipais em busca de professores negros ativos no movimento. “Nossa ideia é trazer a representatividade do povo preto na Educação em forma de arte, somando a fotografia e a arte digital, inovando e trazendo ainda mais carga cultural para a exposição”, acredita.
O fotógrafo Gabriel Andrade de Paula, o Gabriel Sirbag, destaca que essa segunda edição está sendo ainda mais importante pela adição dos novos artistas que somam com ele na parte visual. “Tenho ao lado o meu aprendiz, Flavio Victor, conhecido como Flattor, novo mas cheio de vivências, de sonhos, de desejos de batalhas e muito comprometido. E temos também o Matheus Black, que compôs a arte de todo o mural que receberá as fotos. Então, diferente do ano passado, que na parte de produção artística eu estava sozinho, este ano, tenho dois parceiros, também negros e que somam no espetáculo que o público vai ter a oportunidade de contemplar”, adianta.
O arte-educador, graffiteiro e artista visual Matheus Black, responsável pelo mural que acompanha e harmoniza com as fotografias, explica que, para este trabalho na exposição “Muros Invisíveis”, a técnica utilizada é a de ilustração digital com base nas tags estéticas e aspectos do graffiti, assim como a afroart, bastante presente em seu trabalho. No processo criativo, ele utilizou a temática do evento “Educação, Literatura e Patrimônio”, mais a sua identidade artística para desenvolver o mural que tem cerca de 103 metros de comprimento e três de altura. “Estudo artes de tribos africanas, e foram essas referências que eu trouxe para este mural, fazendo uma junção entre os tribais africanos e as minhas tags para criar uma estética única. A arte abstrata também está presente e serve de alicerce para a pessoa que vê construir a sua própria interpretação”, explica. Para ele, essa arte, que vem de sua experiência com o graffiti, conecta-se com o evento literário “pelo fato do graffiti ser conhecido como a escrita da rua. O graffiteiro é o escritor de rua. O graffiti tem tremenda ligação com a escrita, já que ele vem das letras, desde os seus primórdios”, afirma. Matheus Black foi um dos 42 afroempreendedores retratados na exposição em 2022. “Essa participação na Exposição deste ano é uma ação bem importante para a minha carreira, por ser um mural muito extenso e o Fliaraxá atrair muitas pessoas. Até então, meu trabalho é conhecido em minhas redes sociais (@malblaack) ou nos murais espalhados pela cidade na rua. Me sinto honrado de fazer parte da equipe, agora, como artista.”
O Fliaraxá é apresentado pela CBMM, com patrocínio do Itaú e da Cemig, via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com apoio da TV Integração, Prefeitura Municipal de Araxá, Fundação Calmon Barreto, Câmara Municipal de Araxá, Academia Araxaense de Letras, Condor Eventos, Vale Sul / Goethe-Institut, Instituto Terra e Sesc.
Exposição “Muros Invisíveis”, programação do 11.º Festival Literário de Araxá – Fliaraxá
11.º Festival Literário de Araxá – Fliaraxá
De 5 a 9 de julho 2023, de quarta-feira a domingo
Tema: “Educação, Literatura e Patrimônio”
Local: Programação presencial no estacionamento do Estádio Municipal Fausto Alvim (Av. Imbiara – Centro, Araxá) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliaraxa
Informações:
@fliaraxa – www.fliaraxa.com.br
Facebook
Twitter
Google+
YouTube