Aplicativo lançado pelo governo é testado por usuárias do Centro Risoleta Neves
Usuárias do Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher (Cerna), órgão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), já começaram a testar o aplicativo MG Mulher, ferramenta lançada nesta semana pelo Governo do Estado e coordenado pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Um dos eixos do Programa MG Mulher, desenvolvido para ajudar no combate à violência doméstica e às múltiplas formas de vulnerabilidade social de gênero, o aplicativo permite que as vítimas de agressões criem uma rede colaborativa de contatos confiáveis, que pode ser acionada caso se sintam em situação de perigo iminente.
Criado pela Polícia Civil, o app está disponível gratuitamente para download nos sistemas operacionais Android e IOS. Por meio dele, além da rede de contatos, a mulher vítima de violência contará também com um sistema de localização instantânea, que mostra todos os endereços com a indicação de proximidade de onde ela está.
Acesso
No Cerna, o app já começou a ser testado. “Achei muito importante essa ferramenta, principalmente para os momentos de desespero. As pessoas da rede já recebem a mensagem imediatamente. É muito bacana”, avalia L., usuária do serviço do Centro Risoleta Neves, que já viveu momentos de aflição ao descer de um ônibus e dar de cara com o agressor. “Foi desesperador. Liguei para a polícia e não consegui falar”, conta. Ela está sob medida protetiva desde 2016, quando se separou do marido, que não aceitava o fim do relacionamento.
“O app é muito bacana. Vai ajudar muitas mulheres. Entrei hoje no aplicativo e mandei uma mensagem para minha irmã, mas expliquei que era só um teste”, conta F., também usuária dos serviços do Cerna. Segundo ela, nos momentos de desespero, é muito complicado conseguir falar com alguém, e agora todo mundo da rede vai ter acesso imediato à mensagem. F. foi vítima de violência física e psicológica pelo marido “dominador”, de quem se separou há pouco mais de um mês.
Segundo a coordenadora estadual de Políticas para as Mulheres da Sedese, Jailane Devaroop Pereira de Matos, o aplicativo é mais uma importante estratégia de segurança para a mulher. Na avaliação da coordenadora, “o dispositivo apoiará as mulheres na compreensão do fenômeno da violência, ajudando-as, ainda, a romper com o ciclo opressor. O Cerna está no aplicativo como parte da rede de enfrentamento. É importante que o estado esteja unido no combate a esta violência”, completa.
Núcleo Integrado
A Sedese faz parte do Programa MG Mulher, no eixo Núcleo Integrado de Monitoramento à Violência contra a Mulher, criado para estudo e discussão do fenômeno criminal da violência contra a mulher, cujo objetivo será propor ações conjuntas para a redução das ocorrências. O programa conta também com a participação do Tribunal de Justiça, Defensoria Pública, Polícia Civil e Polícia Militar.
O MG Mulher dará também importante contribuição para o Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos (SER-DH), lançado na última semana pela Sedese, como forma de reduzir a violência e as múltiplas formas de vulnerabilidade social. A iniciativa busca estabelecer, em conjunto com outros parceiros governamentais e não-governamentais, ferramentas para o fortalecimento, modelagem e integração das redes setoriais de promoção e proteção de direitos.
Cerna
O Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher (Cerna) acolheu 51 novos casos de vítimas de violência este ano e acompanha 64 mulheres em atendimentos psicossocial individual e 15 em grupo. No ano passado, foram atendidos 732 casos.
O espaço é referência para o acolhimento e atendimento à mulher em situação de violência de gênero, doméstica ou familiar. Além da ampliação do quadro para atendimento às mulheres, no ano passado houve também a implantação no Cerna do Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação em Direitos Humanos (Sima Mulher), uma ferramenta do SER-DH para registro e monitoramento de casos de violências contra grupos sociais sistematicamente vulnerabilizados. O Sima apoia o trabalho das técnicas do órgão e promove o atendimento em rede dos casos de violência.
Crédito (fotos): Pollyana Bitencourt
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