Plantio da palmeira pode ser consorciado com outras culturas
Um produtor rural do Sul de Minas deu início a uma atividade que pode ser uma boa alternativa para os agricultores da região que procuram diversificar a produção nas propriedades: o cultivo de palmito pupunha, uma planta nativa da região amazônica.
Geraldo Edilson de Paiva trabalha como gerente em indústria multinacional, mas tem um sítio no município de Espírito Santo do Dourado, onde planta café. A iniciativa de investir numa lavoura de palmito surgiu por sugestão de um amigo do Vale do Ribeira, na divisa de São Paulo com o Paraná, e que é um polo de produção de palmito pupunha no país.
O plantio no sítio foi feito no início de 2020, em uma área de 1,5 hectare, com orientações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). As mudas vieram do Vale do Ribeira. “Minha ideia é difundir a cultura aqui na região. O grande desafio foi ver como ela se desenvolveria no Sul de Minas, onde as chuvas são em períodos mais concentrados do que no Vale do Ribeira. Queria fazer um teste sobre como a cultura se comportaria em meses mais secos do ano”, explica Geraldo Edílson.
O produtor conta que, apesar de ter um sistema de irrigação por gotejamento na lavoura, ele passou o ano de 2022 sem irrigar o plantio para fazer um teste. “Pode ser que muita gente na região não tenha condição de fazer a irrigação. Eu precisava testar. E dá para plantar o palmito aqui na região, mesmo sem irrigação. Obviamente, ele vai atrasar um pouco, mas é possível fazer”, afirma Geraldo Edilson, que conta com a ajuda de apenas um funcionário para cuidar da lavoura de pupunha.
O engenheiro agrônomo da Emater-MG Cláudio Muassab Lima explica que os tratos culturais deste palmito são simples, já que é uma planta rústica. “É preciso fazer sempre a roçada entre as linhas de plantio e uma boa adubação de cobertura”, diz. Ele lembra que, além de resistir aos períodos mais secos do ano, a lavoura também se recuperou após ser atingida pela geada em 2021. “As plantas foram prejudicadas, mas se recuperaram bem”, lembra.
O palmito pupunha pode ser uma boa opção como plantio consorciado com bananeiras, principalmente para quem não tem muita área disponível. “A produção de banana prata no município representa uma importante atividade para a agricultura familiar. Porém, os produtores enfrentam dificuldades com a doença do mal-do-Panamá, comum nos bananais. O produtor poderia aproveitar as áreas mais ensolaradas do bananal para a inclusão do palmito e ter outra fonte de renda”, comenta o técnico da Emater-MG.
Ele informa ainda que, no primeiro ano, a pupunha também pode ser consorciada com cultivos de ciclo curto, como o feijão ou olerícolas. Nesta fase, a planta ainda não causa sombreamento na cultura com a qual será consorciada.
Corte das hastes
O primeiro corte da haste da palmeira pode ser feito cerca de 18 meses após o plantio, se a lavoura for irrigada. Caso contrário, o técnico de Emater-MG afirma que é preciso esperar aproximadamente 24 meses. A pupunha é uma planta que perfilha, ou seja, emite vários brotos. Com isso, a partir de planta original, é possível fazer vários cortes. “É possível ter produção praticamente durante todo o ano”, explica Cláudio Muassab.
O produtor de Espírito Santo do Dourado, por enquanto, está vendendo o palmito in natura para pastelarias, restaurantes e pizzarias da região. “O palmito é de excelente qualidade e as pessoas têm me dado um feedback muito legal”, diz.
Mas ele não quer parar por aí e conta que sonha em montar uma agroindústria, caso a cultura ganhe mais adeptos na região. “A minha intenção é que as pessoas enxerguem a cultura como boa opção e possam utilizar áreas que estejam sobrando para investir numa segunda renda com a pupunha. Desta forma, eu poderia trabalhar com uma indústria de envase, num modelo de cooperativa. Mas para isso, eu preciso de volume”, explica Geraldo Edilson.
O produtor informa que a atividade tem despertado interesse de produtores vizinhos e que contará com a ajuda da Emater-MG para ajudar na divulgação da cultura do palmito pupunha, inclusive com a realização de dias de campo na propriedade. “Eles estão muito interessados. Mas mineiro é bem desconfiado. Primeiro ele quer ver a coisa dando certo para depois investir”, comenta.
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