Dermatologista da Unimed Araxá explica como é feito o diagnóstico, o tratamento e enumera os sintomas desta síndrome inflamatória
A psoríase é uma doença inflamatória comum, crônica e não contagiosa, que por predisposição genética, junto a fatores ambientais ou de comportamento, leva ao surgimento de placas avermelhadas e que descamam na pele. Segundo a médica Gisele Basso Esteves Pires, dermatologista da Unimed Araxá, em até 30% dos pacientes, ela acomete também as articulações, levando à artrite psoriásica ou psoríase artropática.
“A síndrome inflamatória da psoríase predispõe ainda a doenças cardiometabólicas, gastrointestinais, diversos tipos de cânceres e distúrbios do humor, afetando a qualidade de vida do paciente e necessitando de tratamento e atenção adequados”, explica.
Histórico
A psoríase foi descrita inicialmente por Celsus (25 a.C.-45 d.C.). Depois, Hipócrates (460-375 a.C.) descreveu lesões de aspecto semelhante à psoríase que classificou como “erupções escamosas”, denominando-as lopoi (de lepo, descamar). Galeno (133-200 d. C.) cunhou a palavra psoríase, do grego psora, prurido (coceira).
Até o final do século XVIII, psoríase e hanseníase eram classificadas em conjunto e os doentes acometidos eram tratados com o mesmo preconceito e marginalização por parte da sociedade. Somente em 1841, a psoríase foi definitivamente separada da hanseníase por Ferdinand von Hebra.
Desenvolvimento e sintomas
Esta doença se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias que dilatam os vasos sanguíneos e levam outras células do sistema de defesa para pele, como neutrófilos. “Esse ataque inflamatório acelera a proliferação cutânea, gerando a descamação observada nas lesões”, explica a dermatologista.
Como a psoríase acomete todo o corpo, seus sintomas são muitos. “Na pele surgem manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas, que evoluem para pequenas manchas brancas ou escuras quando melhoram. Essas lesões são mais comuns nos cotovelos e joelhos, podem acometer o couro cabeludo, em alguns casos, palmas e plantas ou até mesmo todo o corpo. A pele fica ressecada e rachada; às vezes, com sangramentos; coceira, queimação e dor. Podem ainda surgir pústulas (pequenas bolhas que parecem conter pus) que surgem sobre a pele avermelhada, descamam e ferem. As unhas engrossam, descolam, amarelam, desenvolvem sulcos e depressões. As articulações podem desenvolver inchaço e rigidez e, em casos mais graves, evoluem com destruição e deformidades”, destaca.
Diagnóstico
Não existe exame laboratorial específico para o diagnóstico de psoríase. O diagnóstico é basicamente clínico, feito por um médico com conhecimento e treinamento adequados para diferenciar e classificar a gravidade da doença. “É muito importante conhecer os fatores desencadeantes da doença, principalmente em pacientes que já tenham histórico familiar”, explica a Dra. Gisele.
Entre os fatores desencadeantes, destaque para o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo, mesmo em pequenas quantidades, que podem agravar o quadro já existente. “Diversos tipos de infecções também podem desencadear uma forma reativa de psoríase com pequenas feridas cobertas por uma escama fina, em todo o corpo”, diz.
Um número expressivo de pacientes relata o aparecimento ou agravamento de placas após estresse agudo ou crônico, como perda de um familiar, por exemplo. O excesso de peso também pode aumentar o risco de desenvolver psoríase e pacientes com psoríase tendem a apresentar peso acima do ideal.
Medicamentos como antimaláricos (ex. cloroquina), aqueles usados para tratar hipertensão (ex. propranolol e outros betabloqueadores) e lítio (para tratamento do transtorno bipolar) também são fatores importantes e estão contraindicados em pacientes com psoríase. Os corticoides também podem levar a psoríase pustulosa generalizada e à eritrodermia, formas graves da doença.
Tratamento
Cada tipo e gravidade de psoríase podem responder melhor a um tipo diferente de tratamento (ou a uma combinação de terapias). “O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra. Dessa forma, o tratamento da psoríase é sempre individualizado”, explica a médica.
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