Especialistas trazem recomendações para famílias e escolas auxiliarem estudantes, da Educação Infantil ao Ensino Médio, na retomada da rotina após as férias de meio de ano
Reativar o despertador, retomar a rotina de estudos e reajustar o tempo de lazer e descanso. Essas são algumas mudanças que todo estudante enfrenta ao se despedir das férias e voltar à rotina escolar, desde as crianças pequenas aos jovens que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares. Tais alterações costumam vir acompanhadas de uma série de sentimentos, como medo, insegurança, ansiedade e preocupação, o que pode afetar, inclusive, o desempenho acadêmico dos alunos.
De acordo com um estudo recente do Instituto Ayrton Senna, realizado em colaboração com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), competências socioemocionais como empatia, confiança e sociabilidade podem ajudar os estudantes a atingirem melhor desempenho em matemática, leitura e arte. Por isso, é importante adotar algumas estratégias, dentro e fora do colégio, para garantir que o retorno de crianças e adolescentes ao ambiente escolar ocorra de modo acolhedor e tranquilo.
Retomar a rotina de sono e alimentação costuma ser um dos principais desafios. Para Mayana Teixeira, assessora pedagógica da plataforma Amplia – sistema de ensino que oferece suporte para as escolas elevarem a aprendizagem dos alunos –, o ideal é que os horários sejam readaptados pelo menos duas semanas antes do retorno às aulas. “Também é essencial que haja redução do tempo de tela, ou seja, que diminua o uso de dispositivos eletrônicos”, afirma Mayana. “Retornar à organização dos materiais, estojos e cadernos é fundamental para dar uma sensação de preparação para voltar às aulas, além de ser uma oportunidade para verificar se há necessidade de repor algum item”, complementa.
Em relação aos alunos que trocaram de escola no meio do ano e estão ingressando em uma nova instituição a partir do segundo semestre, existem algumas especificidades no retorno às aulas. De acordo com Mateus Lopes, diretor pedagógico da unidade de Santo André da Escola Vereda, essa adaptação deve ser encarada como um processo que exige paciência e, nesse sentido, é importante dar tempo ao tempo para os alunos. “O primeiro passo é conversar com o estudante”, pontua Lopes. “Quando existe um diálogo vivo sobre o ambiente escolar, ele se sente mais seguro para expor possíveis problemas de adaptação. Para os pais, trocar com outros responsáveis sobre as experiências também pode ajudar a construir uma rede de apoio no dia a dia, compartilhando dicas”, acrescenta o diretor pedagógico.
Acolhimento na Educação Infantil
Uma das dificuldades mais comuns, no caso das crianças mais novas, é o desapego do ambiente familiar, onde os pequenos se sentem seguros e acolhidos. É o que explica Rose Sertório, orientadora educacional da Educação Infantil da Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco. “Um estranhamento inicial ou uma relutância em relação ao retorno à rotina não indica falta de saudades da escola, mas sim a falta das pessoas queridas que estiveram tão próximas durante o período de férias”, explica Rose.
Além de ajustar a rotina do sono e da alimentação de acordo com os horários da escola, uma dica trazida por Rose é relembrar vivências com as professoras e os amigos. “Convidar amiguinhos para brincar juntos pode ajudar a criança a se sentir mais confortável com o retorno”, diz a orientadora.
Outra recomendação é estimular a autonomia das crianças, as quais, durante as férias, acabam desenvolvendo mais apego e fortalecendo o vínculo com os familiares. “Esse vínculo é muito positivo, mas é importante também encorajar a criança a vivenciar suas próprias experiências, sempre com segurança e confiança”, recomenda a orientadora. Por fim, Rose ressalta a importância de estimular a expressão e validar os sentimentos da criança em relação à volta às aulas. “O apoio emocional da família é fundamental”, conclui.
Foco nos Enem e nos vestibulares
Para os estudantes dos anos finais do Ensino Médio, voltar às aulas indica a aproximação do período de vestibulares. Para quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e demais exames no final do ano, organização e planejamento são fundamentais no pós-férias. É o que afirma Cláudio Mucelin, coordenador do Ensino Médio e Pré-Vestibular do Anglo Alante Paulínia. Para ele, o segundo semestre é uma fase decisiva do ano letivo, na qual cada esforço conta para alcançar os melhores resultados.
Nessa etapa, o coordenador recomenda que os estudantes criem cronogramas de estudos realistas, reservando tempo para revisar os conteúdos de todas as disciplinas e utilizando ferramentas como aplicativos de agenda para acompanhar suas tarefas. Também é importante que façam uma revisão estratégica, identificando os tópicos mais relevantes para o Enem e/ou os vestibulares que desejam prestar. Realizar simulados e resolver questões de múltipla escolha e discursivas também são dicas valiosas para se familiarizar com o formato das avaliações e aprimorar habilidades de raciocínio e aplicação do conteúdo.
Além disso, Mucelin ressalta a importância dos cuidados com a saúde, como dormir bem, manter uma alimentação equilibrada e fazer pausas regulares durante os estudos para evitar o cansaço mental. “Técnicas de memorização, como mapas mentais e associações, também podem ajudar a fortalecer a retenção do conhecimento”, conclui.
Dica de atividade pedagógica
Para que os alunos se reconectem de maneira integral com a escola, é preciso pensar nesse espaço como um ambiente de confiança e acolhimento. É o que defende Fabiana Santana, assessora pedagógica do Líder em Mim, programa de educação socioemocional da SOMOS Educação. “Atividades de quebra-gelo para essa reconexão são uma excelente estratégia, porque reafirmam para crianças e adolescentes a importância da colaboração e da empatia na promoção de um ambiente seguro e com relações amigáveis”, sugere Fabiana.
Como dica de atividade escolar, a assessora pedagógica recomenda uma dinâmica baseada no jogo Cara a Cara, em uma versão na qual cada ficha seja feita pelo próprio aluno, tendo como base suas características físicas e emocionais, por meio de autodescrição e sem identificação prévia.
Em um segundo momento, essas fichas serão trocadas entre os alunos e a turma poderá tentar descobrir quem é cada colega a partir dessa descrição. “A intenção é fazer com que o estudante se perceba como pertencente ao ambiente, o que estimula a empatia e amabilidade entre a turma a partir de um momento descontraído de conexão”, explica a assessora pedagógica.
Vestibulares no exterior
De acordo com a especialista em internacionalização e CEO da Efígie Academy, Lara Crivelaro, estudar no exterior, principalmente nos Estados Unidos, agrega e muito na vida dos estudantes. “Viver em um ambiente multicultural e independente promove um crescimento pessoal significativo e o desenvolvimento de habilidades interpessoais”, afirma a especialista. “Além disso, a oportunidade de construir uma rede de contatos internacional pode ser muito valiosa para a carreira futura. Um diploma de uma universidade americana é muito valorizado globalmente e pode abrir portas para oportunidades de trabalho tanto nos EUA, quanto internacionalmente”, complementa Lara.
A especialista ainda explica que durante esse semestre, além de se preparar para as provas, é preciso organizar a rotina e preparar o psicológico para os novos desafios que virão com a ida para o exterior. “Adaptar-se a um novo país pode ser um grande desafio para estudantes brasileiros que decidem cursar universidades nos Estados Unidos. Para tornar essa transição mais suave, é fundamental compreender e respeitar as diferenças culturais”, finaliza.
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