Sindicato da cidade vai participar da eleição mais disputada em 80 anos da entidade
O equilíbrio vai marcar a eleição para a nova diretoria da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), entidade de representação e defesa do comércio em todo o Estado. A chapa Renova, que faz oposição à atual diretoria, calcula que tem garantidos pelo menos 18 votos dos 40 sindicatos aptos a votar. Ainda há alguns representantes de sindicatos indecisos e que não se posicionaram, deixando a eleição totalmente aberta. Por isso, o posicionamento do Sindicato do Comércio de Araxá na disputa será decisivo para o resultado. A eleição está marcada para 16 de maio.
A chapa Renova será a primeira de oposição a concorrer à eleição da Fecomércio-MG nos 80 anos de história da federação, que controla as ações do SESC e SENAC e possui um orçamento de R$ 600 milhões por ano. O grupo nasceu da união de comerciantes de todas as regiões do Estado em torno de um projeto de mudança não só das pessoas, mas também do modelo de gestão da federação, implantado pelo atual presidente, que é acusado de diversas irregularidades na Justiça, denunciadas pelo Ministério Público de Minas Gerais. Estas denúncias originaram dois processos judiciais (2220409-79.2014.8.13.0024 e 2142850-46.2014.8.13.0024), em trâmite na 3ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
Houve também recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinando a abertura de procedimento de Tomada de Conta Especial, em razão de terem sido detectados graves irregularidades na gestão do SESC Minas, em obras no Edifício Sede do órgão e na aquisição de imóveis com preços superfaturados.
A insatisfação com a atual gestão surge inicialmente pelo descumprimento de compromissos de campanha da eleição de 2010, entre eles o de limitar para dois os mandatos consecutivos de um presidente eleito. De lá para cá, diante dos muitos problemas gerados pelos erros de gestão, inclusive com o envolvimento do nome da Fecomércio, como vítima, em suspeitas de irregularidades, o sentimento de mudança foi ganhando corpo entre empresários e seus sindicatos de todo o Estado, resultando, agora, na chapa Renova, um grupo coeso de mais de 70 integrantes, unidos em prol da renovação e do resgate do Sistema Fecomércio Minas, SESC e SENAC, para cumprir seu papel de defesa da categoria econômica e do desenvolvimento econômico e social.
O presidente do Sindicato do Comércio de Uberlândia, Osvaldo Ramiro Gomes, é um dos que rompeu com o atual presidente da Fecomércio e defende a mudança na gestão. “Eu fazia parte da diretoria atual e renunciei por não concordar com vários acontecimentos contrários à minha índole e à minha formação. Mais tarde, fui me aproximando de pessoas que já tinham desejo de mudança e conseguimos formar um grupo de oposição. Estou bastante otimista. Porque as ideias vêm se espalhando em um número cada vez maior de pessoas e temos fundamentos nos nossos propósitos. Estamos propondo uma mudança radical do que está acontecendo nessa atual gestão”, disse Gomes.
Encabeçam a chapa os empresários Nadim Donato, presidente do Sindilojas-BH, e Emerson Beloti, presidente do Sindicomércio de Juiz de Fora, tradicionais varejistas mineiros com vários anos dedicados ao setor. “A chapa Renova traduz o momento em que o país está vivendo, de necessidade de mudanças e de renovação. A ideia é reformular a federação e fazer com que ela desenvolva todos os sindicatos, principalmente os do interior, para que eles se tornem cada vez mais fortes, alavancando o setor”, diz Donato, candidato à presidência da Fecomércio.
A chapa Renova tem como principal proposta o fortalecimento do Sistema Fecomércio em Minas, com a racionalização do uso dos seus recursos, com a ampliação da presença institucional, por meio do SESC e SENAC e do apoio à categoria econômica em todo o Estado mineiro. O grupo visa, também, o fortalecimento dos sindicatos patronais do comércio de bens, serviços e turismo, a fim de que a entidade seja mais respeitada e verdadeiramente ouvida, com base em argumentações técnicas competentes, com atuação transparente e participativa.
“Hoje não temos participação nenhuma nas decisões. Tudo vem de cima para baixo, designado pela diretoria da Fecomércio, e não pode ser assim. Os serviços têm que se adequar à realidade de cada região. As demandas do Triângulo Mineiro são diferentes das do Norte de Minas que não são iguais às dos empresários do Sul. E quem sabe o que é necessário para melhor o setor em cada região somos nós, os sindicatos locais, que vivemos o dia a dia do comércio em Minas”, diz Osvaldo Ramiro Gomes.
Crescimento
A Renova espera que todo esse movimento de reformulação na gestão da Fecomércio resulte em mais sindicatos filiados. Para se ter uma ideia de como a federação está parada no tempo, a entidade contou, por quase 30 anos, com apenas vinte e nove filiados em todo o estado, que possui 853 municípios, 120 deles com mais de 30 mil habitantes. Pressionada por meio de forte campanha de integrantes da chapa Renova, a Fecomércio promoveu a filiação de onze novos sindicatos, totalizando os atuais quarenta afiliados, forçando, assim, o início de uma abertura democrática na entidade.
A chapa Renova conta com importantes empresários do comércio mineiro, entre eles nomes conhecidos em todo o Estado, dentre presidentes e demais dirigentes de sindicatos patronais. Esses líderes estão confiantes na vitória, por entenderem que é necessário mudar a trajetória temerária em que se encontra o Sistema Fecomércio Minas, modificando seu modelo de atuação, para permitir que se cumpra, com transparência e efetivamente, seu papel de representação.
Foto1 – Lançamento da Chapa Renova, no dia 22 de março, em Belo Horizonte (crédito: Divulgação/Chapa Renova)
Foto2 – Nadim Donato, candidato à presidência da Fecomércio (crédito: Divulgação/Chapa Renova)
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