Brasília viveu mais um capítulo turbulento da política nacional nesta terça-feira (2). A Federação União Progressista, que reúne o União Brasil e o Progressistas (PP), anunciou oficialmente seu desembarque do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi acompanhada de uma sinalização clara: apoio a um projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), justamente no dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia o julgamento que pode marcar de forma definitiva o futuro político do ex-chefe do Executivo.
O gesto da federação amplia a sensação de isolamento do atual governo, que já convive com altos índices de desaprovação e enfrenta dificuldades de articulação tanto no campo econômico quanto no político. A saída de partidos relevantes da base reflete não apenas um desgaste natural, mas também uma crise de governança: Lula, em seu terceiro mandato, tem demonstrado dificuldade em construir consensos mínimos, seja no Congresso, seja com a sociedade.
O senador Dr. Hiran (Progressistas-RR), vice-presidente nacional da sigla, afirmou que a decisão foi tomada em nome da “defesa da liberdade e do Estado Democrático de Direito”. Para ele, o governo atual tenta impor “fidelidade cega” e restringe a autonomia dos aliados. “Nossa posição é firme: não aceitaremos perseguição política e defenderemos a anistia ao presidente Bolsonaro para garantir justiça e pacificação do país”, declarou.
A fala do parlamentar é carregada de simbolismo. Ao mesmo tempo em que critica a falta de diálogo do governo, reforça uma agenda de responsabilidade fiscal, desenvolvimento econômico e liberdade de posicionamento político — bandeiras que, segundo ele, norteiam a Federação União Progressista.
O movimento desta terça-feira vai além da disputa partidária. Ele expõe um cenário de enfraquecimento da coalizão governista, que perde musculatura no Congresso em um momento crucial. Lula, que já lida com a desconfiança do mercado, com inflação pressionando a população e com a percepção de que seu governo carece de rumo econômico, agora terá que administrar uma base ainda mais fragmentada.
A decisão da União Progressista também sinaliza um rearranjo de forças políticas no tabuleiro nacional. O apoio explícito a Bolsonaro, mesmo diante de seus processos judiciais, mostra que parte significativa da direita se reorganiza para manter viva sua influência e pressionar o governo petista.
No balanço geral, o recado é claro: o governo Lula patina em sua articulação política, perde aliados estratégicos e enfrenta crescente desconfiança da sociedade. Em meio a esse cenário, a pergunta que se impõe é: conseguirá o presidente reverter esse quadro e retomar a narrativa de governabilidade, ou seguirá acumulando perdas até ver seu capital político diluir-se completamente?
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