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Dor crônica: tratamento nunca se baseia em um só tipo de terapia, entenda por quê
Saúde

Dor crônica: tratamento nunca se baseia em um só tipo de terapia, entenda por quê

Dor crônica: tratamento nunca se baseia em um só tipo de terapia, entenda por quê

Em entrevista, neurologista da Unimed Araxá explica como o alívio pode ser encontrado em combinações e quais são as opções mais comuns

Os tratamentos para a dor crônica são tão diversos quanto as causas. Desde medicamentos não controlados até técnicas mente/corpo e acupuntura, há muitas abordagens. Mas quando o assunto é tratar a dor crônica, nenhuma técnica garante o alívio completo da dor. Segundo a médica Yvely Iunes Akel, neurologista e diretora financeira da Unimed Araxá, o alívio pode ser encontrado usando combinações terapêuticas. Em entrevista, ela explica quais são as opções mais comuns e indicadas.

Vamos começar falando sobre a terapia medicamentosa?

Sim. São vários os tipos de medicamentos que podemos usar para dor crônica variando desde antidepressivos (como duloxetina, notriptilina e outros para dor musculoesquelética), antiepiléticos (gabapentina, etc.) até um curso curto de analgésicos mais fortes (como codeína, tramadol e oxicodona). Um número limitado de injeções de esteroides no local de um problema articular pode reduzir o inchaço e a inflamação. Uma epidural pode ser administrada para estenose espinhal ou dor lombar.

Em julho de 2015, o FDA (U.S. Food and Drug Administration) solicitou que em todos os rótulos de anti-inflamatórios fosse reforçada a advertência da presença do risco potencial de ataques cardíacos e derrames. O risco aumenta com doses mais altas desses medicamentos. Além disso, também há a possibilidade de desenvolver úlceras estomacais hemorrágicas. Por este motivo não costumam ser utilizados para dor crônica.

Às vezes, um grupo de nervos que causa dor em um órgão específico ou uma região do corpo pode ser bloqueado com medicação local. A injeção dessa substância anestesiante de nervos é chamada de bloqueio nervoso. Embora existam muitos tipos de bloqueios nervosos, esse tratamento nem sempre pode ser usado. É que muitas vezes, os bloqueios não são possíveis, são muito perigosos ou não são o melhor tratamento para o problema. Seu médico pode aconselhá-lo e verificar se esse tratamento é apropriado para você.

E as injeções de ponto-gatilho?

A injeção de ponto-gatilho é um procedimento usado para tratar áreas dolorosas do músculo que contêm pontos-gatilho, ou “nós” musculares que se formam quando os músculos não relaxam. Durante este procedimento, um profissional de saúde usando uma pequena agulha, injeta um anestésico local que, às vezes, inclui um esteroide em um ponto-gatilho. Com a injeção, o ponto-gatilho é inativado e a dor é aliviada. Normalmente, um breve curso de tratamento resultará em alívio sustentado.

A injeção de ponto-gatilho é usada para tratar dores musculares nos braços, pernas, parte inferior das costas e pescoço. Além disso, esta abordagem tem sido usada para tratar dores de cabeça tensionais e síndrome da dor miofascial (dor crônica envolvendo o tecido que envolve o músculo) que não responde a outros tratamentos.

A toxina botulínica também é uma alternativa? Em que casos?

A toxina botulínica pode bloquear os sinais dos nervos para os músculos. Também pode ser injetada para aliviar enxaquecas crônicas. O procedimento envolve múltiplas injeções ao redor da cabeça e pescoço e pode aliviar a dor por até três meses.

O que é a TENS e como ela funciona?

A terapia de estimulação elétrica nervosa transcutânea, mais comumente chamada de TENS, usa estimulação elétrica para diminuir a dor. Durante o procedimento, uma corrente elétrica de baixa voltagem é fornecida por eletrodos que são colocados na pele perto da fonte da dor. A eletricidade dos eletrodos estimula os nervos em uma área afetada e envia sinais ao cérebro que “embaralham” os sinais normais de dor. A TENS não é dolorosa e pode ser uma terapia eficaz para mascarar dores como a neuropatia diabética. No entanto, a TENS para dor lombar crônica não é eficaz e não pode ser recomendada, segundo a Academia Americana de Neurologia (AAN).

E a terapia bioelétrica?

A terapia bioelétrica alivia a dor bloqueando as mensagens de dor para o cérebro. Ela também estimula o corpo a produzir substâncias químicas chamadas endorfinas (endorfinas também são liberadas pelo exercício) que diminuem ou eliminam as sensações dolorosas bloqueando a mensagem de dor de ser enviada ao cérebro.

A terapia bioelétrica pode ser usada para tratar muitas condições crônicas e agudas que causam dor, como dor nas costas, dor muscular, dores de cabeça e enxaquecas, artrite, distúrbio da ATM, neuropatia diabética e esclerodermia. Ela é eficaz no controle temporário da dor, mas deve ser usada como parte de um programa total de controle da dor. Quando usado junto com medicamentos convencionais para aliviar a dor, o tratamento bioelétrico pode permitir que os que sofrem de dor reduzam a dose de alguns analgésicos em até 50%.

A fisioterapia neste contexto também ajuda?

A fisioterapia ajuda a aliviar a dor usando técnicas especiais que melhoram o movimento e a função prejudicada por uma lesão ou deficiência. Junto com o emprego de técnicas de alongamento, fortalecimento e alívio da dor, um fisioterapeuta pode usar, entre outras coisas, TENS para auxiliar no tratamento.

Colocar o corpo em movimento, então, é importante…

Claro! Embora descansar por curtos períodos possa aliviar a dor, muito descanso pode realmente aumentá-la e colocar o corpo em maior risco de lesão quando você tentar se movimentar novamente. Pesquisas mostraram que exercícios regulares podem diminuir a dor a longo prazo, melhorando o tônus ​​muscular, a força e a flexibilidade.

Exercícios também podem causar uma liberação de endorfinas, os analgésicos naturais do corpo. Alguns exercícios são mais fáceis para certos portadores de dor crônica do que outros. Tente, por exemplo, nadar, andar de bicicleta, caminhar, remar e fazer yoga.

Por fim, qual o papel do tratamento psicológico?

Quando você está com dor pode ter sentimentos de raiva, tristeza, desesperança e/ou desespero. A dor pode alterar sua personalidade, interromper seu sono e interferir em seu trabalho e nos relacionamentos. Por sua vez, depressão e ansiedade, falta de sono e sentimentos de estresse podem piorar a dor. O tratamento psicológico fornece métodos seguros e sem medicamentos que podem tratar sua dor diretamente, reduzindo altos níveis de estresse fisiológico que geralmente agravam a situação. O tratamento psicológico também ajuda a melhorar as consequências indiretas da dor, ajudando você a aprender a lidar com os muitos problemas associados a ela. Uma grande parte do tratamento psicológico para dor é a educação, ajudando os pacientes a adquirirem habilidades para lidar com um problema muito difícil.

Enfim, existem várias formas de tratamento de dor crônica, inclusive algumas não abordadas aqui como terapias mente-corpo, técnicas de relaxamento, acupuntura, massagens, etc. O importante é compreender a importância da adesão ao tratamento por parte do paciente e tomar cuidado quando se permanece muito tempo em uma única terapia tornando-se dependente dela, ainda que sem melhora adequada, pois como já foi colocado anteriormente, o tratamento de dor crônica nunca se baseia em um só tipo de terapia.

Dra. Yvely Iunes Akel, neurologista e diretora financeira da Unimed Araxá

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