Um quarto só seu, a mochila escolhida a dedo, o sorvete no fim de semana. Pequenos gestos que significam pertencimento. Há quatro anos, o Família Acolhedora faz essa rotina acontecer para crianças e adolescentes de Araxá, oferecendo, por decisão judicial, um lar temporário, proteção e afeto enquanto a rede trabalha a reintegração familiar ou, quando necessário, a adoção.
De 2021 até agora, o serviço acolheu 67 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, com tempo médio de permanência de um ano e meio. Nesse período, 48 retornaram às suas famílias de origem, 19 seguiram para adoção e quatro adolescentes foram desligados ao completar a maioridade. “O serviço cresceu e se consolidou no município. Nosso desafio, agora, é ampliar o número de famílias habilitadas para aumentar a nossa capacidade de acolhimento”, afirma Ana Carolina, coordenadora do Família Acolhedora. Hoje são nove famílias ativas; a meta é chegar a 15.
Transformado em política pública municipal em 2021, o acolhimento familiar deixou de ser um programa temporário e passou a integrar de forma permanente a estrutura da administração, com custeio exclusivo do município e atuação articulada com toda a rede de alta complexidade (FCAA, Judiciário, Ministério Público, Assistência Social, Saúde e Educação). As famílias interessadas passam por avaliação psicossocial, apresentam documentação (comprovante de residência, certidões negativas e atestado de saúde), participam de capacitação e, após habilitadas, recebem acompanhamento contínuo de equipe multiprofissional — assistente social, psicólogo, advogado e coordenação — além de auxílio financeiro de um salário mínimo por acolhido, com prestação de contas mensal.
Segundo Ana Carolina, o impacto é visível no cotidiano das crianças. “Vemos autonomia, vínculo e cuidado florescendo no dia a dia. Recentemente, uma criança que vivia em acolhimento institucional disse, já em família: ‘agora eu sei o que é viver em família’. É disso que se trata.”
Podem se habilitar pessoas com 21 anos ou mais, com saúde física e mental adequadas, sem antecedentes criminais, estabilidade familiar, disponibilidade afetiva e de tempo, renda para sustentar a própria casa e, sobretudo, compreensão de que o acolhimento é temporário e deve apoiar a reintegração ou a adoção, já que famílias inscritas no cadastro de adoção não podem participar.
Quem deseja saber mais ou iniciar o processo de habilitação deve procurar a Fundação da Criança e do Adolescente de Araxá (FCAA). As orientações, prazos e documentos estão disponíveis nos canais oficiais da Prefeitura.
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