2026: o ano em que o brasileiro pagará o maior imposto do mundo e o PT reafirma seu modelo de Estado gastador
Economia

2026: o ano em que o brasileiro pagará o maior imposto do mundo e o PT reafirma seu modelo de Estado gastador

2026: o ano em que o brasileiro pagará o maior imposto do mundo e o PT reafirma seu modelo de Estado gastador

2026: o ano em que o brasileiro pagará o maior imposto do mundo e o PT reafirma seu modelo de Estado gastador

Por Vitória Alves – 29/12/2025

A virada de ano que se aproxima não representa apenas um marco simbólico para o Brasil. Para milhões de contribuintes empreendedores, assalariados e consumidores, 1º de janeiro de 2026 entrará para a história como o início de uma nova era tributária, em que o país caminha para ostentar o que pode ser classificado, por críticos e especialistas, como o maior imposto sobre consumo do mundo.

Após anos de debates tumultuados no Congresso, a reforma tributária capitaneada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à fase de implementação com efeitos que vão muito além da simplificação alardeada pelo Planalto. Ao contrário do discurso oficial de “justiça fiscal”, setores técnicos alertam que o modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), resultado da unificação de tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins, tende a se consolidar com alíquotas que ultrapassam 27%, superando inclusive países tradicionalmente associados a elevadas cargas sobre consumo.

Críticas ecoam nas redes e no mercado

No ambiente político e nas redes sociais, especialistas e economistas dissidentes do projeto têm sido contundentes. O ex-ministro da Economia Paulo Guedes qualificou a implementação tributária como “desastrosa”, criticando a necessidade de manter dois sistemas contábeis simultâneos e afirmando que o desenho atual “complica aquilo que deveria simplificar”.

Nas plataformas como X (antigo Twitter), o senador Rogério Marinho chegou a afirmar que “é inaceitável uma reforma tributária que nos impõe o maior IVA do mundo, ameaça investimentos e competitividade e pressiona custos que recairão sobre todos nós!”.

E não são apenas políticos de oposição que questionam o impacto. Profissionais do setor de serviços, representados por entidades como o SESCON-SP, têm apontado projeções de aumentos tributários de até 300% em segmentos tradicionalmente beneficiados por regimes especiais sob o sistema atual, um efeito que, segundo eles, pode estimular ainda mais a informalidade e reduzir geração de empregos.

O governo e a narrativa oficial

Do lado do Planalto, a argumentação oficial segue firme na defesa da reforma: segundo aliados do presidente Lula, a unificação dos tributos traria clareza e justiça fiscal, ao mesmo tempo em que desoneraria produtos essenciais e ampliaria a faixa de isenção do Imposto de Renda para a classe média e baixa.

O PT defende que, ao isentar bens e serviços essenciais, o modelo beneficia 90% da população de menor renda, “um passo decisivo contra as desigualdades”, afirmam posts e vídeos oficiais divulgados nas redes sociais da legenda.

Economia sob pressão

Especialistas financeiros ouvidos pelas principais agências internacionais mostraram preocupação com os rumos da política fiscal brasileira no contexto de 2026. Um relatório citado por veículos como a Reuters aponta que o aumento da alíquota efetiva para os mais ricos, combinado com um pacote de corte de despesas obrigatórias, provocou reação negativa nos mercados, afetando tanto moeda quanto perspectivas de juros.

Na opinião de economistas de mercado, ainda que a reforma tenha legítimos objetivos de simplificação, sua implementação abrupta e sem compensações estruturais pode sufocar a capacidade de investimento do setor produtivo, enfraquecer a competitividade internacional e reduzir a margem de manobra de empresas já pressionadas pelo atual cenário global.

Análise Comparativa: Como fica o Brasil frente aos países da OCDE em 2026

1. Brasil pode liderar IVA global ou ficar entre os mais altos

Especialistas tributários e análises de sistemas fiscais internacionais confirmam que a alíquota padrão do novo IVA brasileiro — resultado da fusão de tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins em um único tributo — terá um patamar inédito. Estimativas apontam que, se for fixada próxima de 27% ou até 28%, o Brasil poderá ter a maior alíquota de Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) do mundo, superando países hoje no topo desse ranking, como a Hungria com 27%.

Outras projeções, menos alarmistas mas ainda severas, sugerem uma alíquota máxima de até 26,5%, o que ainda colocaria o Brasil entre os dois maiores IVAs globais acima de países europeus com tradição de alta tributação sobre consumo, como Dinamarca, Noruega e Suécia (25%), e bem acima da média da OCDE, que gira em torno de 19,2%.

2. Comparação internacional — tributos de consumo em perspectiva

País / Grupo Alíquota padrão de IVA (aproximada)
Brasil (projeção 2026) 26,5–28% UOL Economia+1
Hungria 27% — atualmente o maior IVA da OCDE UOL Economia
Dinamarca, Noruega, Suécia 25% Apet
Média OCDE 19,2% Conpedi
Alemanha 19% Apet
Chile, Colômbia 19% Apet
México 16% Apet
Japão 10% Apet
Canadá 5% Apet

A comparação mostra o quão distante o Brasil pode ficar da maioria dos países desenvolvidos e mesmo de economias emergentes, em termos de tributação sobre consumo.

3. Implicações para o bolso do consumidor

Os tributos sobre consumo respondem por uma parte significativa da arrecadação na maioria dos países da OCDE, em média, mais de 20% das receitas tributárias nacionais são provenientes do IVA/GST (equivalente ao IVA).

No entanto, em muitos países ricos, a tributação é combinada com alíquotas reduzidas ou isenções para itens essenciais, mitigando o impacto direto sobre famílias de baixa renda. Já no Brasil, a estrutura dual do IVA e sua base ampla tendem a capturar quase todos os bens e serviços, elevando o custo de vida e corroendo o poder de compra das classes médias e populares — efeito que especialistas qualificam como regressivo e que pode agravar a desigualdade fiscal.

4. Por que isso importa no contexto brasileiro

A comparação com países da OCDE serve para ilustrar que a reforma tributária brasileira não está apenas ajustando um sistema ultrapassado, mas sim realocando o peso dos tributos de forma a ampliar a carga sobre o consumo a níveis recordes, ao mesmo tempo em que não reduz suficientemente a carga previdenciária ou sobre renda de altas faixas. Isso contraria tendências internacionais onde reformas buscam ampliar a progressividade tributária e aliviar o peso sobre famílias de baixa renda — objetivo que o modelo atual do governo ainda não demonstra capacidade de alcançar.

Conclusão: conta para o cidadão

Quando as luzes da Copa e as discussões eleitorais de 2026 se apagarem, sobrarão apenas os números na ponta do lápis. Para empresários, consultores tributários e famílias brasileiras, a transição para o novo sistema fiscal será um teste de resistência e, para muitos, uma corrida contra o tempo para reestruturar negócios e orçamentos pessoais.

A promessa de que a reforma tributária traria um novo Brasil de “justiça e simplicidade” agora enfrenta o desafio de provar que não se tornou apenas um mecanismo de arrecadação sem igual, em um país que pode, no próximo ano, registrar o maior imposto efetivo do mundo sobre consumo.

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