A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a principal causa de cegueira irreversível em indivíduos com mais de 50 anos em países desenvolvidos, sendo responsável por um impacto socioeconômico significativo devido à sua alta prevalência e ao comprometimento funcional imposto aos pacientes. Segundo a médica Karina Teixeira, oftalmologista da Unimed Araxá, o avanço das biotecnologias tem impulsionado o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o manejo dessa patologia. “Isso inclui agentes biológicos, terapias genéticas e celulares, além de abordagens baseadas em inteligência artificial para diagnóstico e monitoramento da progressão da doença”, diz.

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Abaixo, a médica dá detalhes e contra sobre inovações destas novas estratégias:
1. Terapias Antiangiogênicas de Próxima Geração
Os inibidores do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) revolucionaram o tratamento da forma neovascular (exsudativa) da DMRI. O aflibercepte e o ranibizumabe continuam sendo opções amplamente utilizadas, mas novas moléculas promissoras vêm sendo desenvolvidas para melhorar a eficácia e reduzir a carga terapêutica. O faricimab, um anticorpo biespecífico recentemente aprovado, inibe simultaneamente o VEGF-A e a angiopoietina-2, resultando em maior durabilidade terapêutica e possivelmente melhor controle da permeabilidade vascular (Heier et al., 2022).
Outra inovação recente é o implante de liberação sustentada de ranibizumabe (Susvimo™️), que permite a liberação contínua do fármaco por até seis meses, reduzindo a necessidade de injeções intraoculares frequentes e melhorando a adesão ao tratamento (Holekamp et al., 2022).
2. Terapia Gênica e RNA de Interferência
A terapia gênica representa uma das abordagens mais promissoras para a DMRI, buscando reduzir a necessidade de múltiplas aplicações intravítreas. O medicamento recentemente aprovado nos EUA, voretigene neparvovec, mostrou eficácia em distrofias retinianas hereditárias e serve de modelo para o desenvolvimento de terapias para DMRI.
Além disso, os oligonucleotídeos antisense e o RNA de interferência (RNAi) vêm sendo estudados para modular a expressão de genes envolvidos na inflamação e angiogênese. O ALN-CC5, um inibidor do RNAi direcionado ao componente C5 do sistema complemento, mostrou potencial para reduzir a ativação da via inflamatória na DMRI seca.
3. Terapias Celulares e Engenharia de Tecido
O transplante de células do epitélio pigmentar da retina (EPR) derivadas de células-tronco tem avançado significativamente como alternativa para restaurar a função visual na DMRI atrófica. Ensaios clínicos em fase inicial demonstraram que a terapia celular pode retardar a progressão da atrofia geográfica e potencialmente restaurar alguma função visual.
4. Diagnóstico e Monitoramento com Inteligência Artificial
Os avanços na inteligência artificial (IA) estão transformando a detecção precoce e o acompanhamento da DMRI. Algoritmos já são capazes de detectar alterações estruturais na retina com precisão comparável à de especialistas humanos, permitindo um diagnóstico mais precoce e facilitando o acompanhamento remoto dos pacientes.
“Além disso, plataformas de IA integradas a dispositivos de imagem como a tomografia de coerência óptica (OCT) permitem a previsão da progressão da DMRI e da resposta terapêutica ao anti-VEGF, possibilitando um tratamento mais personalizado e eficiente”, conta Dra. Karina Teixeira. “O campo terapêutico da DMRI está passando por uma revolução impulsionada por inovações biotecnológicas. A introdução de novos agentes antiangiogênicos, terapias gênicas, abordagens celulares e inteligência artificial promete não apenas melhorar o controle da doença, mas também oferecer a possibilidade de restauração visual em estágios avançados. O futuro do tratamento da DMRI caminha para a personalização da terapia e para abordagens minimamente invasivas, proporcionando maior qualidade de vida aos pacientes”, complementa.

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